Urgências hospitalares encerradas; falta de médicos de família e de professores; aprendizagens que ficaram por recuperar com a pandemia; tribunais sem resmas de papel, enquanto os “impostos aumentam mais do que alguma aconteceu”. Este foi o cenário traçado pelo presidente social democrata – no encerramento das Jornadas Parlamentares do partido, nesta terça-feira, na Assembleia da República – para justificar a sua tese de que Portugal é “hoje um país empobrecido”.
“Está tudo à mingua nos serviços públicos”, diagnosticou Luís Montenegro, acrescentando que não vê nenhum esforço económico “que dê esperança de que na próxima década tenhamos um ciclo de crescimento”.
Embora o líder do PSD tenha admitido o “resultado extraordinário” do défice apressou-se também a enquadrá-lo “num intervalo entre resultados medíocres – o que tivemos no ano passado e o que vamos ter no próximo ano mostram que não há uma evolução sustentada” e que “quando temos hipotéticos bons resultados” estes “não se refletem na vida das pessoas”.
Montenegro considerou ainda que o Governo tem instrumentos financeiros à sua disposição para contrariar a política de desinvestimento, nomeadamente, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que “tem uma taxa de execução praticamente nula” ou o programa Portugal 20/20 “que ainda tem 25% das verbas por executar”. Além do dinheiro que o Governo investiu na TAP e que Luís Montenegro preferia ver aplicado nos serviços públicos.
Estratégia que o líder do PSD acredita que não sofrerá qualquer inversão com o plano orçamental para 2023, um “exercício de folclore político”, na visão de Montenegro. “Muito do que é prometido agora vai ser prometido outra vez no próximo Orçamento do Estado”, disse, defendendo que o Executivo “não tem credibilidade” depois de não ter mostrado “nós últimos sete anos capacidade para executar um orçamento”.