Manuel Pizarro estreia-se no Governo como titular da pasta da Saúde, depois de o primeiro-ministro lhe ter prometido um aumento orçamental para o seu ministério, no próximo ano. Apesar disso, fontes próximas do novo elemento do executivo, que tomou posse no sábado, 10, admitem que o financiamento não será o seu principal cavalo de batalha, assim que Pizarro se instalar com a equipa no número 9 da Avenida João Crisóstomo, em Lisboa. O ex-eurodeputado tenciona, em primeiro lugar, espremer os recursos que tem e apostar tudo na reorganização do sistema de saúde para o tornar mais eficaz.
A partir de Bruxelas, onde ocupava um lugar no Parlamento Europeu desde 2019, ou do Porto, cidade onde nasceu e a que sempre se manteve ligado (foi o candidato socialista à autarquia da Invicta, em 2013 e 2017, e lidera a Federação Distrital do PS Porto), Pizarro foi deixando algumas pistas sobre o que pensava da gestão da antecessora, Marta Temido. Num debate recente no Porto Canal, o especialista em Medicina Interna e antigo secretário de Estado da Saúde da ministra Ana Jorge (2008 e 2011) apontou a existência de “um centralismo exacerbadíssimo” e de uma “ilusão burocrática” no Ministério da Saúde, que só podem ser erradicados dando prioridade à “descentralização da gestão do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e à autonomia dos hospitais e das Administrações Regionais de Saúde”. Já, neste sábado, depois de empossado, embora ainda parco em palavras, escolheu tocar no mesmo ponto e prometeu “utilizar de forma mais eficaz os recursos”.