“Ninguém para o Benfica”, cantam frequentemente os adeptos do clube da Luz, há anos. Este também podia ser – salvo o exagero – um cântico a aplicar a Ana Gomes, já que parece estar ainda para nascer quem impeça a ex-eurodeputada de fazer aquilo que de melhor faz atualmente: agitar as águas. Quando, em 2019, aproveitando a transferência do benfiquista João Félix para o Atlético Madrid, a socialista questionou os 126 milhões de euros pagos pelos espanhóis, a um clube que acabara de ser campeão nacional da Primeira Liga nacional e por um jovem com poucas provas dadas correspondentes a tal valoração no mercado, caiu o Carmo e a Trindade. “Não será negócio de lavandaria?”, atirou a antiga diplomata, levando até o presidente do PS, Carlos César, a perder a paciência com as suspeitas levantadas: entrou num bate-boca com a socialista que se estendeu por vários dias.
Ora, Ana Gomes é o expoente máximo dos destacados militantes desalinhados, que, desde há alguns anos, dão cada vez mais cartas no jogo político, ao ponto de até criarem autênticos casos mediáticos. Ou porque são governantes e conseguem criar um incidente grave – e aí está o despacho de Pedro Nuno Santos sobre o aeroporto de Lisboa, há um mês, para o provar –, ou porque pediram a demissão de uma ministra do partido a que pertencem – como aconteceu recentemente com o socialista Sérgio Sousa Pinto –, ou porque criaram movimentos internos para mostrar como é fraca a liderança do seu próprio partido – como fez o social-democrata Miguel Morgado em pleno consulado de Rui Rio –, ou até porque desafiaram um deputado da Nação a resolver fisicamente, na rua, uma discussão tida no hemiciclo – um insólito difícil de esquecer e que envolveu o comunista Miguel Tiago aquando da sua passagem pelo Parlamento. Resumindo: eles andam aí, cada vez com mais força e projeção, graças a redes sociais como o Facebook e o Twitter.