Luís Montenegro venceu o partido, mas dedicou o seu discurso, feito a partir de Espinho, ao país. Apesar de eleito apenas por dois anos, assumiu que os seus objetivos vão para lá disso: “vim para ser candidato a primeiro-ministro em 2026 e preparar o PSD para ser maioria no Parlamento e governar Portugal”. No entretanto, promete uma oposição “construtiva, mas exigente e firme”; unir o partido; percorrer o país e estar ao lado “daqueles que na sociedade mais precisam de nós”.
As primeiras causas do próximo presidente do PSD (que só tomará posse no Congresso do início de julho, no Porto) serão os jovens, os empreendedores, os pensionistas e a saúde, enumerou. Destes prometeu ser “a voz”, apontado todas as falhas do PS, o principal alvo do discurso.
Obteve uma vitória muito expressiva – 72%, contra os 28% de Jorge Moreira da Silva – e não deixou de o assinalar, apresentando a sua votação como um sinal de união interna e mostrando-se de braços a abertos para integrar todos quantos não o tenham apoiado, incluindo o seu adversário. Mas quem verdadeiramente ganhou “foi Portugal”, nomeou, porque “ganhou a formação de uma alternativa política ao socialismo que nos tem desgovernado”.
Das políticas do atual Executivo com maioria absoluta, Montenegro antecipa “pântano” (numa referência a Guterres), “bancarrota” e “um caminho de empobrecimento” de que promete não ser “cúmplice”. “O dia de hoje vai ficar marcado como sendo o princípio do fim da hegemonia do PS, em Portugal”.
E não estar no Parlamento não o preocupa. “Eu conheço muito, muito bem o Parlamento. Eu estarei no Parlamento quando necessário. Só não estarei na sala das sessões e não estando lá vou aproveitar para estar no país. É uma vantagem e não um inconveniente ter o líder da oposição predisposto a ir de terra em terra conversar como o país, as suas instituições e populações”, acrescentou.
Esta foi a segunda vez que o advogado portuense de 49 anos se candidatou à liderança “laranja”. A primeira foi em janeiro de 2020, quando perdeu para o ainda presidente Rui Rio. Não sem ter obrigado o vencedor a uma inédita segunda volta nas diretas do partido (Miguel Pinto Luz, o terceiro candidato, ficou pelo caminho), em que Montenegro obteve 47% da votação. Desta vez, conseguiu mesmo a melhor percentagem alguma vez obtida por um presidente do PSD numas diretas.
Já Jorge Moreira da Silva, no discurso de derrota, na sua sede campanha, no Taguspark, em Oeiras, fez “votos para que [Montenegro] tenha êxito” e deixou a porta aberta a uma nova candidatura – “Com 51 anos, não vou dizer que não me volto a candidatar”. “Não estou para abdicar da minha liberdade e da minha autonomia de pensamento”, disse ainda, admitindo divergências com Montenegro e apontado o dedo ao “contexto adverso” em que se candidatou, sem “apoio de nenhuma estrutura distrital” e “desafiando uma probabilidade”.