Eduardo Cabrita foi, esta sexta-feira, formalmente constituído arguido no âmbito do caso do atropelamento do trabalhador na A6, no dia 18 de Junho de 2021.
O ex-ministro da Administração Interna tinha sido notificado para comparecer, esta manhã, no Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora (DIAP), onde foi ouvido durante cerca de uma hora pela procuradora do Ministério Público. À saída, Eduardo Cabrita não prestou declarações aos jornalistas. Já o seu advogado, Magalhães e Silva, apenas confirmou que o seu cliente prestou declarações.
O processo conta agora com três arguidos, depois de o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora ter, no início do ano, determinado “a reabertura da investigação”, numa altura em que apenas o motorista Marco Pontes arriscava ir a julgamento. Entretanto, também o chefe da segurança pessoal do antigo governante, Nuno Dias, tinha sido constituído arguido. Agora, chegou a vez do próprio Eduardo Cabrita.
Recorde-se que o acidente ocorreu no dia 18 de junho, por volta das 13h00, ao quilómetro 77 da A6 (sentido Évora-Lisboa), autoestrada que liga Marateca à fronteira do Caia, em Elvas. O alerta para o acidente rodoviário foi dado aos bombeiros às 13h14. Nuno Santos, 43 anos, um trabalhador de uma empresa subcontratada pela Brisa, que realizava trabalhos de manutenção da via, foi atropelado pela viatura ao serviço do Ministério da Administração Interna (MAI), onde seguia Eduardo Cabrita, e que, segundo a investigação, na altura do embate seguia a 163 quilómetros por hora. A vítima ainda foi assistida, mas acabaria por falecer no local.
“Sentimento de justiça”, diz advogado da família
“É uma decisão muito importante”. A frase é de José Joaquim Barros, advogado da família de Nuno Santos, que, desde a primeira hora, aponta Eduardo Cabrita como “responsável” pelo acidente e já confirmou intenção de exigir, em tribunal, ao ex-ministro, uma indemnização superior a um milhão de euros.
À VISÃO, o advogado admite que esta decisão “era algo que esperava há muito”, embora não deixe de lamentar a forma “hesitante” como tem sido conduzido o processo. “O motorista e o chefe de segurança já tinham sido constituídos arguidos há bastante tempo, faltava, obviamente, apenas o ex-ministro. Não compreendo porque demorou tanto tempo, mas, neste momento, importa, sobretudo, dizer que esta decisão é muito importante, e que vai ao encontro daquilo era um sentimento de justiça, não só da família de Nuno Santos, mas de toda a sociedade civil portuguesa”, afirma.