Não condenaram a invasão russa à Ucrânia nem na Assembleia da República, nem no Parlamento Europeu, nem na Assembleia Municipal de Lisboa. E – apesar do PCP estar de baixo de fogo por não ter assumido até então uma posição mais crítica em relação Guerra na Ucrânia – o partido foi o único a não assinar por baixo da recomendação apresentada pelo BE, esta terça-feira, na Assembleia Municipal de Lisboa sobre o acolhimento e integração de refugiados ucranianos na capital.
O conteúdo das quatro recomendações do BE expressam que a autarquia de Lisboa deve ajudar a reunir famílias ucranianas que já tenham elementos na capital e opositores ao regime da Federação Russa, que estejam a ser alvo de perseguição.
Horas depois, no Twitter, o comunista João Ferreira deu a entender que o partido até está de acordo com a essência da proposta bloquista, tendo participado no trabalho de elaboração de uma semelhante, mas na Câmara Municipal de Lisboa, que será de âmbito “mais vasto do que o conteúdo de moções votadas hoje na Assembleia Municipal de Lisboa, por exemplo, indo além das situações de reagrupamento familiar”, apontou, numa série de tweets, onde se defende de um possível “tiro ao PCP”.
“Importa não tratar a situação dos refugiados de forma restritiva ou discriminatória, abrangendo apenas alguns cidadãos em algumas circunstâncias e desconsiderando outros cujas circunstâncias merecem proteção com idêntica dignidade”. continuou.
Na Assembleia Municipal, os comunistas foram os únicos a manifestarem-se contra a condenação da invasão militar no leste a Europa. Em vez disso, apresentaram uma proposta para “condenar a recente intervenção militar da Rússia na Ucrânia e a intensificação da escalada belicista dos EUA, da NATO e da União Europeia”, rejeitada na sessão plenária, que teve uma iluminação alusiva à bandeira da Ucrânia (azul e amarelo).
A deputada municipal do PCP Natacha Amaro defendeu que a guerra “nunca devia ter começado” e que é urgente o fim do conflito, atribuído mais uma vez, em uníssono com os representantes do partido que se têm pronunciado sobre a invasão russa, as culpas às “provocatórias manobras” da NATO, que ameaçaram a segurança da Rússia. “Esta guerra não interessa aos ucranianos, nem aos russos, nem aos restantes povos europeus. Serve os grandes complexos militares industriais que aproveitam económica e militarmente uma guerra que se desenvolve a milhares de quilómetros das suas fronteiras, para vender armas em larga escala”, concluiu Natacha Amaro.
Artigo atualizado às 22:50 do dia 10 com a indicação de que a proposta rejeitada pelo PCP aconteceu na Assembleia Municipal de Lisboa