Jerónimo de Sousa vai ser forçado a interromper esta terça-feira, 11, a pré-campanha eleitoral para as Legislativas de 30 de janeiro. Em causa está a realização, já esta quarta ou quinta-feira, de uma “intervenção cirúrgica urgente da estenose carotídea, que não pode ser adiada para depois das eleições”, anunciou hoje de manhã o Partido Comunista Português, em comunicado.
Vasco Gama Ribeiro, cardiologista do Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, explica que a estenose da carótida se traduz “num aperto na artéria que irriga o cérebro”, e que a operação consiste em “abrir a artéria para restabelecer a normal circulação sanguínea” na região afetada. Quando a situação não é detetada e corrigida a tempo, acrescenta o médico, há o risco “de se soltarem placas das paredes que depois entopem a artéria e impedem a passagem do sangue, podendo causar embolia, acidentes vasculares cerebrais e morte”.
As carótidas são duas grandes artérias que transportam o sangue do coração até ao cérebro, sendo responsáveis pelo fluxo sanguíneo na sua zona frontal. Ambas se bifurcam, com as carótidas internas a responderem pela vascularização do cérebro e as carótidas externas pela vascularização do pescoço e da face. No caso de Jerónimo de Sousa, o problema reside da artéria carótida interna esquerda.
A estenose carotídea, como os médicos lhe chamam, é o estreitamento e/ou obstrução de uma destas artérias e tem de ser corrigida através de intervenção cirúrgica quando atinge determinada gravidade (por norma, acima dos 70% de estreitamento), quase sempre consequência de uma aterosclerose, sobretudo na população mais idosa. Trata-se de um procedimento comum nos hospitais portugueses, com poucos riscos e rápida recuperação, de cerca de dez dias.
A operação em si tem o nome de endarterectomia e visa retirar o excesso de placa gordurosa formada nas paredes das carótidas, à imagem do que também sucede nas coronárias, de modo a salvaguardar o fluxo sanguíneo e a prevenir acidentes vasculares cerebrais (AVC), a sua consequência mais temida. A incisão faz-se junto ao pescoço.
Quanto aos fatores de risco que aumentam a probabilidade de estenose carotídea, são os mesmos envolvidos nas outras doenças cardiovasculares: idade avançada, sexo masculino, tabagismo, colesterol elevado, diabetes, obesidade, sedentarismo e a tendência genética. Na maioria dos casos de AVC provocados pelo estreitamento ou obstrução das carótidas, o paciente já sofreu antes um ou mais ataques isquémicos transitórios (uma espécie de AVC de curta duração), muitas vezes o primeiro sinal de alarme. Não foi divulgado se o secretário-geral do PCP tem este antecedente.