A distrital de Castelo Branco do CDS-PP só admite fazer campanha ao lado do partido nas Legislativas de 30 de Janeiro caso a direção nacional, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, apresente, publicamente, um “pedido de desculpas” e admita “que não existiu nenhum diálogo no processo de constituição das listas de candidatos” para aquele círculo eleitoral. Quem o garante, à VISÃO, é André Reis, líder da Comissão Política Distrital de Castelo Branco, depois de João Pinto de Campelos, secretário-geral adjunto do partido, ter afirmado, ao jornal i-Inevitável, que as queixas do dirigente albicastrense são “uma mentira descarada”.
Nos últimos três meses, 179 militantes desfiliaram-se do CDS-PP, em rutura com a presidência de Rodrigues dos Santos – nomes que incluem figuras de relevo como António Pires de Lima, Adolfo Mesquita Nunes, Inês Teotónio Pereira ou Michael Seufert, entre outros –, mas a turbulência interna parece não querer largar os corredores do Largo do Caldas. O braço-de-ferro entre a direção nacional e a distrital de Castelo Branco, em relação à lista de candidatos às Legislativas, é apenas mais um capítulo da novela protagonizada pelos centristas. A direção de Rodrigues dos Santos escolheu para cabeça-de-lista Maria Inês Moreira; mas o órgão distrital apostava no seu líder, André Reis.
“Sabemos que a escolha do cabeça-de-lista cabe à direção nacional do partido. E nem sequer está em causa a escolha por Maria Inês Moreira, que é um nome que a distrital até admitia aprovar. A questão diz respeito, isso sim, à falta de diálogo que se verificou ao longo de todo o processo. O tempo foi passando e, sem contactos por parte da direção nacional do partido, a distrital de Castelo Branco decidiu tomar a iniciativa e apresentar uma proposta de lista, que fez chegar aos dirigentes nacionais no dia 11 de dezembro. Com surpresa, somente fui contactado por João Pinto de Campelos na véspera do Conselho Nacional [que decorreu na passada quinta-feira, 16 de dezembro], altura em que as listas seriam aprovadas, não para dialogar, mas apenas para me dar conhecimento dos nomes que tinham sido escolhidos”, refere André Reis. A escolha, porém, ficou longe do que os responsáveis locais esperavam… e a conversa azedou.
“Apoiantes de Nuno Melo, mas leais”
Após tomar conhecimento da decisão, André Reis contactou diretamente Francisco Rodrigues dos Santos, mas “Chicão” ter-se-á revelado “irredutível”. A direção da distrital do CDS-PP de Castelo Branco admite que, nos últimos meses, manifestou apoio a Nuno Melo na corrida à presidência do partido, mas André Reis afasta qualquer relação entre os dois acontecimentos. “Em Castelo Branco, não confundimos lealdade, com fidelidade. É verdade que apoiamos Nuno Melo, mas se o processo tivesse sido conduzido de forma correta continuaríamos ao lado da atual direção do CDS-PP, participando na campanha das próximas Legislativas. Desta forma, infelizmente, isso não será possível”, diz.
Perante estas acusações, João Pinto de Campelos reagiu. Em declarações ao i-Inevitável, o dirigente nacional afirmou que, ao querer escolher o cabeça de lista, foi a distrital de Castelo Branco a “desrespeitar os critérios que foram aprovados em Conselho Nacional, com 95% dos votos, que atribuem essa decisão à direção do partido”. “À semelhança do que acontece em todos os distritos, é a direção do partido que escolhe o cabeça de lista – e o André Reis foi o único presidente distrital que afrontou esse critério aprovado”, afirmou.
André Reis não se ficou, considerando esta explicação “ridícula”. “Essas declarações são uma não resposta. Depois de os factos estarem consumados, não há nenhuma discussão possível. Não está em causa, repito, a cabeça de lista escolhida, mas a forma como tudo foi feito. E não podemos aceitar que não exista diálogo entre estruturas, quando Francisco Rodrigues dos Santos prometeu, como prioridade da sua presidência, devolver a voz às bases e aos militantes do CDS-PP”, conclui.