No período de declarações políticas da Comissão Permanente, no parlamento, o deputado António Filipe comentou as declarações do presidente do PSD, que no domingo sugeriu que a realização de eleições legislativas em 30 de janeiro influenciou a detenção do ex-banqueiro João Rendeiro na África do Sul. Depois, na terça-feira, Rui Rio criticou o diretor da Polícia Judiciária (PJ) pelo que classificou de “foguetório” pela detenção “pela polícia sul-africana” para “beneficiar indiretamente o PS”.
Lembrando que “todos os diretores nacionais” da PJ foram “nomeados por todos os governos em funções ao tempo das nomeações”, o deputado comunista afirmou que “nunca algum responsável político se atreveu sequer a insinuar que a PJ, que funciona sob a direção funcional do Ministério Público no âmbito de processos cuja instrução é da responsabilidade de poder judicial, se encontra ao serviço de qualquer governo em funções”.
António Filipe considerou que “essa acusação do dr. Rui Rio é muito grave” porque “lança uma suspeição pública sobre a idoneidade de uma instituição policial que é fundamental para o combate à criminalidade e à qual o país muito deve, não agora, mas desde há muito”.
E acusou o líder social-democrata de pensar “que, se chegar a primeiro-ministro de Portugal, pode dar ordens à Polícia Judiciária sobre quem, quando e como, pode ou não pode ser detido”.
“E isto já não é falta de noção, isto é uma clara manifestação de vontade de subverter o Estado de Direito e de controlar politicamente a investigação criminal”, criticou António Filipe.
O deputado do PCP apontou também que “se fica com a sensação de que o dr. Rui Rio preferia que o sr. Rendeiro não fosse detido agora porque pensa que isso pode prejudicar o seu resultado eleitoral”, e ironizou que Rio “acha que a Polícia Judiciária deveria ter pedido à sua congénere sul-africana que, podendo deter o sr. Rendeiro agora, só o detivesse na noite do dia 30 de janeiro de 2022, depois de encerradas as assembleias de voto em todo o território nacional”.
FM // JPS