Nem só de palmas e de palmadinhas nas costas de João Cotrim de Figueiredo se fez o primeiro dia da VI Convenção Nacional da Iniciativa Liberal. Dirigentes e militantes subiram ao palco para chamar a atenção para a diferença entre aquilo que é o discurso liberal do partido e as práticas da Comissão Executiva, acusada de falta de diálogo e de uma gestão centralizadora.
No auditório do Centro de Congressos de Lisboa, neste sábado, ouviram-se expressões como “falta de transparência” e “atropelos de órgãos” dirigidas à direção de Cotrim de Figueiredo. José Cardoso lançou o mote durante a parte da manhã, sugerindo que a Iniciativa Liberal (IL) foi “gerida de forma centralista”, dando passos “contrários aos do liberalismo”. Segundo este militante, a Comissão Executiva – que será reconduzida, neste fim de semana, pois é a única lista candidata – “não promove o debate de ideias internas aberto a todos, a Comissão decide tudo e há atropelos de órgãos”; “não existiu uma gestão eficaz dos novos membros” e foram eliminados núcleos, como o da juventude, sem que se tenha percebido o porquê. José Cardoso pediu então para que seja feito dentro “do partido aquilo que defendemos para a sociedade”.
Seguiu-se-lhe o conselheiro nacional Rui Malheiro, que apontou que “o problema desta comissão executiva é falar mais do que ouve”. “Sou conselheiro nacional e não sei como são escolhidas as pessoas para os gabinetes”, criticou, reforçando o desamparo de alguns dos elementos da IL.
Quem são os rostos da Comissão Executiva?
Existe apenas uma lista candidata à Comissão Executiva, que mantém substancialmente os elementos da atual. Tanto o presidente como dois dos três “vices” mantém-se (Ricardo Pais Oliveira e António Costa Amaral). A principal alteração será a saída de Mónica Mendes Coelho (a terceira vice).
Sai igualmente da Comissão Executiva Maria Castello-Branco, que é vista como uma das grandes promessas do partido, mas que foi fazendo menos aparições públicas em representação da IL desde que tomou a decisão de não estar presente no último congresso do MEL, por ir partilhar o painel com um dos vice-presidentes do Chega Nuno Afonso.
Entram Paulo Carmona, o presidente do Fórum de Administradores e Gestores de Empresas, vice-presidente do Movimento Europa e Liberdade (MEL) e candidato da IL por Sintra nas últimas Autárquicas; Ana Pedrosa Augusto, antiga vice-presidente do Aliança e número dois da lista da IL à Câmara de Lisboa, e Miguel Pina e Cunha, professor catedrático da Universidade Nova School of Business and Economics. Rodrigo Saraiva, que atualmente faz a assessoria do partido e é chefe de gabinete de Cotrim de Figueiredo no Parlamento, passa a primeiro vogal.
Miguel Rangel continua como secretário-geral e Bruno Mourão Martins como tesoureiro.
Tiago Mayan Gonçalves, o candidato liberal nas Presidenciais de 2021, não consta da direção do partido, embora seja uma cara querida aos liberais. Sentado sempre numa das filas da frente do auditório do Centro de Congressos, cada vez que o seu nome era citado ou que subiu ao palco foi sempre calorosamente aplaudido.
Notícia atualizada às 11:10 do dia 12 com a correção do nome do primeiro militante a fazer críticas à Comissão Executiva, neste caso José Cardoso.