A entrada de João Cotrim de Figueiredo – líder da Iniciativa Liberal (IL), que será reeleito neste fim de semana no VI Congresso do partido – no palco do auditório principal do Centro de Congresso de Lisboa não passou despercebida a ninguém. A plateia composta rompeu em aplausos para o rosto do partido, que dedicou o discurso de abertura deste “fim de semana liberal” ao crescimento dos últimos dois anos e ao desafio das eleições legislativas de 30 de janeiro. “A Iniciativa Liberal está a crescer e não vamos ficar por aqui”, apontou Cotrim, defendendo que esta força tem de ser traduzida nas urnas.
“Temos de mostrar que estamos preparados para fazer uma grande campanha”, pediu o líder a todos os membros, sublinhando o alcance que o partido pode atingir no Parlamento. O objetivo dos liberais é chegar ao Governo com o PSD, através de um acordo escrito, mas, caso isto não aconteça, prometem não descurar a oposição ao inimigo de sempre: o partido socialista. “Seja no poder, seja na oposição, o que queremos é que o PS se torne cada vez menos hegemónico. Não vamos deixar que o PS governe sem oposição firme. O PS não é a solução para os problemas do país”, disse, acrescentando que “o voto mais útil é o voto na IL”.
Autárquicas deram ao partido mais 20% de militantes
João Cotrim de Figueiredo leu ainda a história do partido desde 2019, repetindo incessantemente a palavra “crescimento” quantitativo e qualitativo. De acordo com o líder, a IL tem hoje sete vezes mais membros que há dois anos (sendo que 20% dos quatro mil militantes totais que o partido tem filiaram-se após as eleições autárquicas, este ano) e oito vezes mais núcleos. Mas também passaram a marcar a agenda com os temas liberais, destacou o líder, que receberá novamente um voto confiança dos militantes neste fim de semana. Cotrim de Figueiredo dá como exemplo os temas da taxa única de IRS, a TAP, a carta dos direitos digitais ou os estados de emergência, que a IL votou consecutivamente contra, e a divulgação do parecer sobre a vacinação em crianças, que o presidente crê que não se teria tornado público “sem a nossa pressão”.
Os números da IL
João Cotrim de Figueiredo, deputado único, participou em 100% dos plenários – 197 – e fez 366 intervenções;
Participou em três comissões parlamentares e enviou mais de 100 perguntas e requerimentos ao Governo;
O partido tem 4 mil militantes; 50 núcleos em 18 distritos.
É a segunda vez que a IL entra na corrida das eleições legislativas e, com o balanço das sondagens (que colocam o partido entre os 3 e os 6%), os liberais estabeleceram como objetivo a eleição de cinco deputados, o que lhes permitiria criar um grupo parlamentar. Querem ainda obter, no mínimo, 4,5% da votação final, definiram na moção estratégica global 2021-23 “Preparados para Liberalizar Portugal”, que será apresentada esta tarde no Centro de Congressos de Lisboa.
Segundo cálculos internos é em Lisboa, no Porto, em Braga, em Setúbal e em Aveiro que se concentram as maiores possibilidades da IL eleger, admitindo-se a hipótese de chegarem mesmo aos sete parlamentares.