Afinal, a corrida interna entre Rui Rio e Paulo Rangel não foi prejudicial para o PSD, como fazia crer a narrativa das tropas do líder reeleito. Pelo contrário, os apoiantes e os opositores reconhecem que o presidente social-democrata mostra ter saído revigorado da refrega, onde obteve 52,43% dos votos, e estará agora mais convicto de que pode bater António Costa, a 30 de janeiro. À falta dos notáveis e das cabeças pensantes, que estiveram com o eurodeputado laranja, a estratégia de Rio para os próximos dois meses passa por construir listas de candidatos à Assembleia da República que se pautem por espelhar uma unidade interna, até porque se arrisca a ter uma maioria dos delegados ao congresso afeta a Rangel. Ainda assim, há cabeças na atual bancada parlamentar que vão rolar, entre elas a de Pedro Rodrigues, ex-líder da JSD.
O primeiro sinal de que a máquina de Rio não pretende iniciar uma caça às bruxas foi já dado pelo núcleo duro do líder aos dirigentes da distrital de Lisboa, onde Rangel conquistou a maioria dos votos como pediam as estruturas locais. Mantendo o poder de escolher o cabeça de lista e até de mexer na ordem pela qual aparecem os candidatos, o presidente social-democrata comprometeu-se a não só não levar a cabo qualquer confronto na elaboração das candidaturas, como a não contestar nomes vistos como adversários nos últimos quatro anos.