O ministro das Finanças, João Leão, abriu, esta quarta-feira de manhã, a segunda (e última) parte do debate na generalidade sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2022, na Assembleia da República, fazendo novo apelo à esquerda para que se abstenha na votação do documento – prevista para esta tarde –, permitindo que o mesmo chegue à especialidade onde, diz, ainda “pode ser melhorado”.
Durante 16 minutos, João Leão enumerou o que considera serem as vantagens do OE2022 e, dirigindo-se diretamente a Bloco de Esquerda e PCP (que já anunciaram o voto contra o documento), apelou diretamente aos parceiros da Geringonça. O país “não quer nem precisa de voltar aonde não foi feliz”, disse, acrescentando que não se deve “regredir” e “arriscar tudo e deitar tudo a perder”.
À esquerda, porém, Bloco de Esquerda e PCP continuam sem estar convencidos, mantendo a posição, já anunciada, de votarem contra o OE2022. Ao contrário de ontem, o diálogo, animado, entre as bancadas do PS e do Bloco de Esquerda, acabou por assumir um tom de azedume. Ana Catarina Mendes, líder parlamentar socialista, deixou fortes críticas à intransigência, mas não ficou sem resposta, pois o homólogo do Bloco, Pedro Filipe Soares, assumindo também uma posição forte, voltou a acusar o Governo de “falta de diálogo”, tornando visível que um novo acordo entre estes partidos se tornou praticamente impossível.
“79 deputados do PSD são contra OE2022”, garante Rui Rio
À margem do debate, que ainda decorre, Rui Rio falou com os jornalistas presentes na Assembleia da República, garantindo que “os 79 deputados do PSD são contra o Orçamento do Estado”. O presidente do PSD deita, assim, por terra, a hipótese de os três deputados sociais-democratas eleitos pelo círculo eleitoral da Madeira alterarem o seu sentido de voto, viabilizando o documento do Governo – cenário avançado, ontem, depois de Miguel Albuquerque afirmar estar disponível para conversar com o Governo “para defender interesses da Madeira.
Recorde-se que, neste momento, o OE2022 apenas conta com os votos favoráveis dos 108 deputados do PS, e ainda com a abstenção de PAN (três deputados) e das deputadas não-inscritas Joacine Katar-Moreira e Cristina Rodrigues. Neste caso, apenas o PAN admitiu a possibilidade de alterar o sentido de voto, para deixar passar o documento para a fase da especialidade, o que, ainda assim, seria insuficiente. PSD (79), Bloco de Esquerda (19), PCP (10), CDS-PP (cinco) Verdes (dois) e ainda Chega e IL (cada um dos partidos com um parlamentar) já anunciaram que vão votar contra.