Quando faltam duas semanas para o congresso do Aliança, há já um candidato à presidência do partido, criado em 2018 e que tem como atual presidente, Paulo Bento: Jorge Nuno de Sá. O antigo dirigente do PSD, partido de cuja juventude chegou a estar à frente, enviou esta quinta-feira uma carta aberta aos militantes do Aliança, onde manifesta que considera “ser o melhor posicionado para a reconstrução que o partido necessita”.
No documento a que a VISÃO teve acesso, Sá sublinha que este anúncio surge depois de ter “recebido vários contactos motivadores de muitos militantes para avançar”.
Para o dirigente, que foi eleito deputado municipal nas autárquicas em Lisboa – onde correu pela coligação de centro-direita, liderada por Carlos Moedas -, “há no País a necessidade de uma direita que se apresente aos eleitores moderna, desempoeirada e sem traumas”.
“Não podemos continuar acantonados entre uma liderança do espaço político de centro-direita que tem vergonha de o ser e de uma direita populista e radical”, aponta Jorge Nuno de Sá, que saiu do PSD, em 2017, quando questionou o silêncio de Pedro Passos Coelho perante atitudes e declarações “racistas” e “sexistas” que tinham sido na altura proferidas por alguns dirigentes laranja, entre os quais André Ventura.
Tendo em conta que irá tomar posse na Assembleia Municipal de Lisboa, na próxima segunda-feira, Sá aponta que, perante o facto de passar a ter sobre si o foco mediático, não havia outra hipótese se não avançar agora.
“Com a responsabilidade de ter sido eleito autarca no maior município do País, onde todos os focos mediáticos se centram e sabendo que sobre o meu trabalho recairá grande parte da avaliação que o eleitorado fará do Partido, não posso ficar resguardado, à espera, ou, simplesmente, a ver para que lado tocam as modas”, refere, prometendo que até ao congresso, em Oeiras, irá dar a conhecer a equipa que o acompanha.
Jorge Nuno de Sá liderou a JSD entre 2002 e 2005 e chegou a ser deputado. Já depois de se ter desfiliado do PSD, acompanhou Santana Lopes, em meados de 2018, na formação do Aliança. Há 10 anos, aquando da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, Sá foi o primeiro político no ativo a sair do armário e casar com outro homem.
O congresso do Aliança irá realiza-se a 30 e a 31 de outubro, em Oeiras. Santana Lopes, agora presidente eleito da Câmara da Figueira da Foz como independente, abandonou o Aliança em janeiro de 2021, tendo sido sucedido por Paulo Bento.