Jorge Sampaio “provou que se pode nascer privilegiado e converter a vida na batalha pelos não privilegiados, sempre lutando, mas com serenidade. De bem com todos e todos de bem com ele”. É “um grande senhor da democracia e um grande senhor da pátria comum”. Foi desta forma que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou o antigo chefe de Estado Português (entre 1996 e 2006), que morreu, esta sexta-feira. Tinha 81 anos.
Numa mensagem ao País, sem direito a perguntas dos jornalistas, transmitida a partir do Palácio de Belém, Marcelo realçou alguns dos momentos mais marcantes da vida política de Sampaio, desde da extinção de bairros de lata, aos “meses sem dormir por causa de Timor Leste”, à “intervenção no Iraque” e à defesa pela “saúde pública global”. Sem esquecer os tempos dos movimentos estudantis do “furacão ruivo na Alameda”, antes do 25 de Abril, e a “madrugada da libertação dos presos de Caxias”, depois da Revolução dos Cravos.
Deixa um duplo legado, continua Marcelo: “de liberdade, mas também de igualdade. De inteligência, mas também de sensibilidade”. E uma prova de coragem, pois “podendo ter-se resignado ao caminho mais fácil do jurista respeitado, escolheu o caminho mais ingrato: da solidariedade para com os mais sofridos, do convívio com o concreto, da privação da sua saúde frágil em exaustivos e desgastantes lavores”.
Jorge Sampaio foi deputado, líder parlamentar e secretário-geral do Partido Socialista. Foi presidente da Câmara de Lisboa e Presidente da República, durante dois mandatos. Atualmente, presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios. Morreu esta sexta-feira, vítima de complicações respiratória e cardíacas, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, onde estava internado desde 27 de agosto.