O Chega de Vila Real voltou, esta segunda-feira, a dar nas vistas através da sua página de Facebook. Depois de, em junho passado, ter sido ludibriado por anónimos que levaram a distrital a publicar, naquela rede social, um logótipo do partido pintado com as cores do arco-íris – na sequência de indicações que teriam sido, supostamente, transmitidas pela própria direção nacional do partido –, desta vez o que fez correr tinta foi a reação à notícia que dá conta que André Ventura, líder do partido, está infetado com Covid-19.
O texto, ilustrado com uma imagem de André Ventura, ladeado por Nossa Senhora de Fátima e os três pastorinhos, serve de ponto de partida para um conjunto de teorias da conspiração que, entre outras coisas, justifica o facto de André Ventura não se ter vacinado com os riscos de “funcionários do governo socialista de António Costa” o… envenenarem. “Duvidam que se o André chegasse ao centro de vacinação cheio de funcionários do governo socialista do António Costa não lhe iam tentar injetar veneno mal percebessem que era ele? Todo o cuidado é pouco e recomendo aos militantes do Chega que não se identifiquem como tal quando vão tomar a vacina. Incomodamos muita gente e vão fazer de tudo para nos parar. Tomem cautela”, lê-se no post.
A publicação – que destaca que André Ventura está doente porque “arriscou a vida e a saúde pelos portugueses de bem” – mostra ainda confiança numa rápida recuperação do líder do partido. O Chega de Vila Real alega que a Covid-19 é uma doença “criada na China”, mas vai ainda mais longe, garantindo que a mesma tem como principal objetivo “destruir o Chega”. Deixa, no entanto, uma mensagem de fé, elevando Ventura ao patamar de santidade: “Muitos querem que ele morra, mas nós somos mais fortes e ele vai vencer a doença e provar que ela não consegue vencer o Chega. A Nossa Senhora de Fátima está com ele e não vai permitir que um dos seus escolhidos sucumba a uma doença criada na China para destruir o Chega”.
Recorde-se que André Ventura anunciou, no domingo, através de um vídeo, estar infetado com o novo coronavírus, depois de, dois dias antes, ter participado numa manifestação, organizada pelo seu partido, que juntou dezenas de pessoas no Porto. Esta não foi, aliás, a primeira vez que André Ventura arriscou ajuntamentos em plena pandemia. No dia 17 de janeiro, durante a campanha das eleições presidenciais, Ventura realizou um jantar-comício num período em que vigorava o estado de emergência no país, situação pela qual está acusado pelo Ministério Público de um crime de desobediência simples.