A “incidêndia [de casos de Covid-19 em Portugal] é positiva”, apesar de “estarmos num momento de crescimento [da pandemia]”, afirmou, nesta quarta-feira, no final de mais um Conselho de Ministros, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva. A incidência está avaliada em 76,6 infetados por cem mil habitantes a 14 dias e o indice de transmissibilidade (RT) encontra-se em 1,08. Mas há quatro concelho que não acompanham o passo nacional e, por isso, vão manter-se com as regras sanitárias atualmente em vigor, em vez de avançarem com o resto do território. São eles Lisboa, Braga, Odemira e Vale de Cambra.
Embora, segundo a governante, as razões para o aumento de casos nestes locais sejam muito diversas, em Lisboa e Vale do Tejo – onde Vieira da Silva confessou “dificuldades em reduzir os casos” – é entre os jovens que o vírus mais se tem propagado. Na capital, há ainda “sinais de um maior número de internamentos”, apesar de “distantes da situação de pressão já vivida”. No caso de Odemira, a ministra da Presidência referiu-se a uma “grande flutuação populacional” que tem dificultado o controlo da pandemia.
Há ainda dez municípios em alerta, que, caso não diminuam a incidência na próxima semana, correm o risco de retroceder no desconfinamento: Albufeira, Alcanena, Arruda dos Vinhos, Cascais, Loulé, Paredes de Coura, Santarém, Sertã, Sesimbra e Sintra.
No entanto, para já, estes acompanham a evolução nacional. O que quer dizer que, a partir da próxima segunda-feira, os estabelecimentos comerciais podem reger-se pelo seu horário de funcionamento normal; a restauração e as salas de espetáculos podem ter as portas abertas até à 1:00 (e receber clientes até à meia noite); deixa de haver necessidade de marcação prévia nos serviços públicos; os eventos desportivos podem ter público (com uma lotação máxima de 33%) e os transportes onde os passageiros vão sentados passam a poder ter uma ocupação de 100% e de dois terços para os que têm passageiros em pé.
Mariana Vieira da Silva revelou ainda duas novidades no Conselho de Ministros relativas à testagem. A partir de segunda-feira, as empresas com mais de 150 trabalhadores no mesmo local terão de testar periodicamente os seus funcionários (os encargos são das responsabilidade dos empresários) e haverá um conjunto de eventos culturais, desportivos e de natureza familiar (casamentos e batizados) onde o rastreio também será necessário à entrada. As regras relativas ao segundo tópico são da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde, que deverá publicar uma norma sobre isto nos próximos dias.
Portugal vai permanecer em estado de calamidade até 27 de junho e o teletrabalho continua obrigatório para os imunodeprimidos e nos quatro concelhos que não avançam para a próxima fase do desconfinamento.