Paulo Sousa (consultor na área dos sistemas integrados de gestão), Helena Veloso (proprietária da livraria Centésima Página), Monsenhor Silva Araújo (ex-diretor do jornal Diário do Minho), Ricardo Costa (empresário e presidente da Associação Empresarial do Minho) José Miguel Braga (ator e docente na Universidade do Minho) e Maria José Fernandes (professora do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave) são os redatores de um manifesto contra a abstenção que esta segunda, 7, pelas 18 horas, será apresentado no Altice Forum, em Braga, e que já juntou mais de 50 cidadãos das mais diversas áreas profissionais e políticas minhotas.
O movimento começou por ser uma “provocação à sociedade civil” e, durante alguns dias, até houve quem pensasse que um dos seus principais dinamizadores, Paulo Sousa, seria candidato à Câmara Municipal de Braga. Desperta a curiosidade, os objetivos passam, contudo, por dinamizar o apelo ao voto nas próximas autárquicas, tentando contrariar a letargia e a inércia eleitorais. “Nas muitas abordagens de que fui alvo, tenho dito que a indiferença mata a democracia. Não podemos ter medo de exercer uma cidadania responsável que culmina no exercício do ato mais nobre: o exercício do voto. Por isso, será lançado um repto às autarquias, aos candidatos, às escolas secundárias, universidades e movimentos cívicos para que debatam e respondam a esta questão: porque nos abstemos?”, explica Paulo Sousa à VISÃO.
Contra a abstenção, mobilizar
Com uma abstenção situada acima dos 40 por cento nas duas últimas eleições autárquicas (2013 e 2017), com tendência de subida, a comissão de redação deste manifesto e os seus subscritores comprometem-se, nos próximos meses, a produzir uma espécie de sobressalto cívico na região. “O divórcio entre eleitos e eleitores começa com a ideia de que a política é para os políticos profissionais e para os partidos quando, na verdade, o exercício de cidadania constitui por si só um ato eminentemente político”, refere o porta-voz deste movimento, apostado em inverter a curva da abstenção: “Como dizia o político norte americano Alfred Emanuel Smith, todos os males da Democracia podem curar-se com mais democracia”. O sentimento entre os impulsionadores deste manifesto é que falta um aprofundamento dos direitos e deveres dos cidadãos numa sociedade livre e que os mesmos possam ser exercidos sem influências tóxicas nem pressupostos datados: “Apesar de muitos de nós podermos listar um conjunto de argumentos para justificar a alienação em relação aos atos eleitorais, é óbvio que há razões para além da imagem degradada da classe política. Por exemplo, o modelo de organização das assembleias de voto já não responde às necessidades dos eleitores. Precisamos organizar o voto de proximidade. Uma freguesia com dezenas de milhares de eleitores como é a de São Victor só tem um local de voto e, no entanto, representa um território enorme que afasta ou dificulta o exercício de cidadania”, explica Paulo Sousa, sem esquecer outros aspetos do problema: “Falta-nos uma abordagem sistemática e aberta ao debate político e um código de ética na linguagem e na abordagem da classe política que torne efetiva a proximidade entre eleitos e eleitores”.
Esta tarde será a dado o pontapé de saída com a apresentação do manifesto desta plataforma cívica, e onde serão divulgadas ideias para o combate que se avizinha e a listadas primeiras dezenas de subscritores, mulheres e homens de Braga preocupados com o estado de democracia a que chegámos.