André Ventura entra no Centro de Congressos de Lisboa, onde está a decorrer a terceira convenção do Movimento Europa e Liberdade (MEL) e rouba as atenções todas. O painel moderado por Carlos Magno sobre a “ditadura do politicamente correto”, prestes a terminar, fica suspenso por uns segundos com a atenção mediática centrada no líder do Chega. Mas Ventura não se roga incomodado e aproveita para ir cumprimentar o ex-primeiro-ministro laranja, Pedro Passos Coelho, perante uma plateia que se divide entre os aplausos ao convidado recém chegado e o incómodo perante a interrupção. O painel acelera a despedida e Ventura sobe finalmente ao palco para encerrar os trabalhos da manhã, com a defesa de uma união entre a “direita clássica” e as “novas direitas”; sob pena de não ser possível retirar o Partido Socialista da governação.
“A culpa da direita não estar no poder é nossa. Nós é que falhámos”, começa por dizer, acusando o PSD de Rui Rio de ser incapaz de “fazer o seu papel de oposição”. Acrescentando que, em vez de procurar “pontes” e ajudar a estabelecer compromissos com os partidos de direita, os sociais democratas têm dado a mão ao PS, nomeadamente, na votação do fim dos debates quinzenais no Parlamento – episódio já antes citado, nesta conferência, por João Cotrim de Figueiredo, o líder da Iniciativa Liberal.
Para Ventura, a única forma de a direita recuperar o poder é unir-se, sem recusas de partidos. “Cabe-nos perder os complexos”, reagiu às críticas sobre a presença do Chega, pela primeira vez, na reunião magna das direitas e mostrou-se disponível para se reunir com o PSD, CDS e IL com o objetivo de ver “até onde podemos ir”.
Só não aceitará uma coisa: “a traição”. Apesar de ter mencionado também que as linhas vermelhas para si são os temas bandeira do Chega de que não pode prescindir, como a revisão dos subsídios a pessoas de etnia cigana, a prisão perpétua ou a castração química como pena para crimes sexuais. E deixa o recado do costume: “A diabolização do Chega só interessa ao PS”.