‘Muito desconfortável.” Foi assim que André Coelho Lima, vice-presidente do PSD, se sentiu quando soube que Rui Barreira, amigo, ex-parceiro de coligação autárquica e seu sócio na sociedade de advocacia CLT, em Guimarães, aceitara como cliente César do Paço, ex-cônsul honorário de Portugal em Palm Coast (EUA) e financiador do Chega. O deputado não falou do tema em público, mas deu conta do seu incómodo à direção do partido.
Empresário, simpatizante do partido de Ventura e personalidade associada a diversas suspeitas sobre o seu percurso profissional e visada em vários casos judiciais, pelos quais foi condenada, de acordo com investigações da VISÃO e da SIC, o milionário açoriano contratou Rui Barreira, ex-dirigente do CDS, no outono, por sugestão do amigo comum José Lourenço, ex-presidente da distrital do Porto do Chega, atualmente a braços com um processo disciplinar por parte do partido. Por essa altura, já André Coelho Lima estava ausente da atividade quotidiana no escritório do qual é sócio-fundador, pois suspendera em 2019 a atividade de advocacia para ocupar o lugar de deputado. Segundo fontes próximas, a “infeliz coincidência” de César do Paço ser associado ao seu escritório de advocacia levou-o, há poucas semanas, a informar Rui Rio desta circunstância, receoso de eventuais custos políticos para o líder numa altura em que o partido continua na mira dos adversários e da crítica interna por causa do acordo com o Chega nos Açores.