Não chegou a existir um coletivo beijo de Judas. Todavia, há quase três anos que José Sócrates perorava no deserto – mais concretamente, na Ericeira, longe da maior parte do seu remoto apostolado. O ex-primeiro-ministro esteve distante dos antigos amigos indefetíveis – aqueles das jantaradas e das visitas ao estabelecimento prisional – que se mantiveram a seu lado desde os primeiros passos da Operação Marquês e após a sua detenção, em Évora, mas que se foram afastando, ao compasso da demorada acusação do Ministério Público (MP) e dos longos dois anos que levou a vir a público a decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal. Verdade seja dita que muitos deles se distanciaram acompanhando uma estratégia concertada do PS, que passou por erguer um cordão sanitário em relação ao seu antigo secretário-geral, enquanto outros por uma agenda pessoal, guiada pelos interesses próprios.
Findas as mais de três horas de leitura do juiz Ivo Rosa, foram poucos os antigos “socráticos” que vieram a terreiro aplaudir a decisão instrutória que deixou cair 25 dos 31 crimes, imputados ao antigo líder socialista pelo MP. Contudo, quem o fez não deixou de apontar baterias àqueles que, por alegada “tática”, optaram pelo silêncio nas redes sociais – agora, tal como nos últimos três anos. Para Renato Sampaio, um dos nomes mais fiéis a Sócrates, “foi de uma enorme falta de carácter o gesto que algumas pessoas tiveram – não só o de se afastarem como o de arranjarem desculpas esfarrapadas para se distanciarem”.
Na mente de Renato Sampaio, estão os gestos daqueles para quem o nome de Sócrates começou a marcar indelevelmente os percursos, como ferro em brasa. Sendo que as palavras de João Galamba, atual secretário de Estado Adjunto do Ambiente e da Energia, terão sido aquelas que, alegadamente, mais custaram a ouvir ao homem que geriu os destinos do País, entre 2005 e 2011. Há três anos, quando Sócrates rumou à Ericeira, Galamba subscreveu o sentimento deixado pelo presidente do PS, Carlos César, de que quer a Operação Marquês quer o caso EDP, que envolve o ex-ministro da Economia do governo de Sócrates, Manuel Pinho, provocavam “incómodo” e “vergonha” aos socialistas.
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