Chegou a ser convidada para ser o rosto de uma nova força política ligada à extrema direita (Liga Nacional), criada por dissidentes do Chega, mas considerou “insultuosa” só a perspetiva de pensarem nela. Não foi o único convite que Suzana Garcia – advogada e ex-comentadora da TVI – recusou para representar um partido, segundo a própria, que admitiu já ter sido contactada pelo partido de André Ventura. Ao que parece estava à espera do interesse social-democrata: o seu nome foi o proposto pelo PSD para a Câmara da Amadora nas Autárquicas de 2021. Falta o aval de Rui Rui.
A ideia é controversa, porque – apesar de negar as ligações com partidos de extrema direita – Suzana Garcia chegou a defender publicamente propostas como a castração química para crimes de natureza sexual contra menores. Um tema que é caro ao líder do Chega, André Ventura.
Para além de se ter referido ao dirigente da SOS Racismo, Mamadou Ba, como “um parasita da sociedade”, “sem utilidade social para Portugal”, no programa das manhãs da TVI “Você na TV!”. Mas nega que, em Portugal, haja “incidentes racistas em Portugal como o mundo inteiro tem” e responde às acusações de racismo que lhe são atribuídas com: “A minha avó é negra e a minha mãe mulata.
Advogada de formação, Suzana Garcia diz-se de “direita moderada”. Em entrevista, já tinha admitido a hipótese de se candidatar a um lugar político: “Ouvi por aí que há pessoas [referindo-se a Cristina Ferreira] que têm pretensões políticas. Se, porventura, alguma dessas pessoas, com esses perfis, se arvorarem a fazer isso e não houver em Portugal deputados ou deputadas capazes de fazer o que é necessário para derrubar essa fulana, posso perder a minha alma, mas vou candidatar-me.” A sua antipatia pela agora acionista da Media Capital é pública: já a criticou em direto, dizendo que “há um clima de medo na TVI”.
Suzana Garcia nasceu em Maputo, Moçambique, e veio para Portugal aos 11 anos. Estudou num colégio de freiras na África do Sul, em pleno regime do Apartheid. “Isso marcou-me profundamente e eu era branca”, disse, numa conversa com o humorista Rui Unas para o podcast “Maluco Beleza”. Mais tarde, em Sintra, estudou no Colégio São José do Ramalhão (também de freiras), antes de tirar Direito da Universidade Católica, contou à Sábado.
Foi estagiária de Romeu Francês, histórico advogado suspenso pela Ordem, em 2008, acusado de violações dos deveres profissionais. Suzana Garcia estreou-se na televisão em 2016, quando o programa da TVI “SOS 24” andava à procura de novos comentadores. Este foi o palco para várias polémicas suas relacionadas com racismo, xenofobia e criminalidade.
Embora seja esta a vontade do PSD na Amadora, ainda não é certo que seja Garcia a candidata. A Comissão Política do partido só irá analisar as propostas de candidatos no final desta semana, avançou José Silvano, coordenador nacional autárquico, ao Expresso.
No Twitter, André Ventura veio ontem dizer que a Susana Garcia é um “excelente nome”, deixando claro que é uma boa escolha para o PSD.
Na Área Metropolitana de Lisboa, até agora, são conhecidos os candidatos do PSD às câmaras de Cascais (Carlos Carreiras), Mafra (Helder Sousa e Silva), Lisboa (Carlos Moedas), Sintra (Ricardo Batista Leite), Azambuja (Rui Corça), Odivelas (Marco Pina), Loures (Nelson Batista) e Vila Franca de Xira (David Pato Ferreira). Falta confirmar Amadora e Oeiras.