Carlos Moedas chegou à capital com 18 anos vindo de Beja para estudar no Instituto Superior Técnico. Apanhou o comboio até ao Barreiro e atravessou de barco o Tejo em direção a Lisboa. “Imediatamente percebi que seria a cidade da minha vida. Viajei muito, passei anos fora, mas voltei sempre a Lisboa”, contou, esta quinta-feira, o ex-ministro de Passos Coelho e ex-comissário europeu, durante a apresentação da sua candidatura à presidência da Câmara de Lisboa, na universidade onde se formou.
“Eu estou aqui para ganhar e a convicção que tenho é a de que vamos conseguir ganhar, porque vamos juntar muita gente”, disse, depois de ter convidado todas “as forças não socialistas moderadas e progressistas” da cidade a se unirem em torno da sua candidatura. Carlos Moedas agradeceu o entusiasmo, primeiro do seu partido, o PSD, depois do CDS, do PPM, do MPT e da Aliança; indicou que continua em conversações com a Iniciativa Liberal e que espera poder contar com os independentes “que se sentem desencantados com a política”.
O principal alvo é o partido socialista: “o que está em causa é derrotar esta governação da cidade de há já quase 14 anos. Lisboa pode dar um rumo para desafiar o poder central, porque as cidades são mutas vezes maiores do que as nações”.
Com mérito reconhecido e elogiado até por António Costa, Carlos Moedas, engenheiro civil e economista, foi o nome escolhido pelo líder do PSD para a maior batalha das eleições autárquicas, no outono. A ideia convenceu de imediato até a oposição interna de Rui Rio por Moedas ter sido secretário de Estado Adjunto de Pedro Passos Coelho entre 2011 e 2014. Foi depois enviado, ainda pelo último primeiro-ministro do PSD, para Bruxelas como Comissário Europeu para a Investigação, Inovação e Ciência, onde ficou até 2019; ano em que se tornou membro do conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian.
Carlos Moedas garante que pensou muito antes de deixar o conforto da Gulbenkian para se candidatar à Câmara – foi “um processo difícil” -, mas “este não era o momento para dizer não”, contou, evocando razões de natureza pessoal e racional.
“Eu estou aqui para ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Deixei a minha vida toda para me concentrar neste projeto e em todos os projetos que me concentrei levei-os até ao fim. Este é o meu sonho, não tenho outro”, disse e admitiu depois, em resposta aos jornalistas, que se não for eleito presidente assume o seu lugar como vereador.
Inovação, cultura e “uma cidade também para os lisboetas”
O mote da campanha às eleições autárquicas será “novos tempos”, porque, segundo Moedas, a realidade de hoje exige “uma grande reconstrução da cultura, do ambiente, da parte social e económica e da parte humana” e o atual presidente, Fernando Medina, não está a saber fazer essa leitura.
O candidato da direita acusa o autarca de Lisboa de não ter criado as seis mil habitações com rede acessível prometidas e dos 14 centros de saúde que referiu ter conseguido apenas um. Carlos Moedas indicou ainda que “Lisboa se posicionou num circuito de feiras internacionais e do Turismo, mas não chega. O Turismo e as feiras são condições necessárias, mas não são condições suficientes”, defendendo que a capital portuguesa tem de ser “uma cidade também para os lisboetas”.