Elisabete Adrião, presidente das Mulheres Socialistas do Seixal, acedeu a uma primeira toma da vacina da BioNTech/Pfizer um dia após assumir o cargo de dirigente do Núcleo de Inserção Local (NLI) de Sesimbra. A vereadora da Câmara do Seixal, que é também técnica de ação social, foi a única a aceder à imunização no conjunto dos funcionários do NLI, a 21 de janeiro, apurou a VISÃO.
O acesso à vacina acabou por ser publicitado pela mesma no seu perfil do Facebook (imagem em cima), onde revelou que a segunda toma deverá ocorrer a 11 de fevereiro. Mas tendo em conta que o seu caso não está abrangido por nenhum dos critérios do Plano de Vacinação contra a Covid-19, rapidamente choveram críticas no mural da autarca – uma das mais agressivas veio de uma antiga colega de vereação, neste caso do PCP. Perante tal indignação, Elisabete Adrião acabou por retirar as imagens, a que, ainda assim, a VISÃO conseguiu ter acesso.
Questionada, este sábado, pela forma como alcançou a vacinação, Elisabete Adrião não quis dar pormenores. Mas, à VISÃO, fontes do PS/Seixal adiantaram que, chamada perante os órgão dirigentes, nas últimas 24 horas, a autarca terá admitido que usufruiu do facto de haver “vacinas a mais” e por “ordem de chefias superiores”.
Marco Fernandes, presidente do PS/Seixal, confirmou que “quis ouvir de viva voz a autarca, convocando de urgência o órgão político local, onde as pessoas têm direito a exercer a sua defesa”.
“Vamos aguardar que se apure o que aconteceu, para depois perceber se há motivos ou não para retirada da confiança política. Há que apurar as responsabilidades, mas eu próprio não sei se há alguma ilegalidade em tudo isto. A Elisabete Adrião tomou a vacina porque alguém lhe disse que ia tomar a vacina e não porque é militante do PS”, explicou. Refira-se que, pela região, Natividade Coelho, diretora do Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social, demitiu-se na sequência de 126 pessoas da instituição terem acedido à vacina sem cumprirem alegadamente os requisitos necessários nesta primeira fase da toma nacional.
À VISÃO, A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) remeteu para a Segurança Social explicações sobre este caso específico, já que o mesmo ocorre na senda da polémica que levou à demissão da responsável distrital.
Porém, salientou que “compete às entidades/instituições que acolhem idosos fazer o levantamento, identificação e listagem das pessoas a vacinar”. Já “aos Agrupamentos de Centros de Saúde (das ARS) compete a administração das vacinas às pessoas identificadas por cada instituição”.
Já o Instituto de Segurança Social (ISS) frisou que o “presidente do ISS deu, ainda esta quinta-feira, instruções para a abertura imediata de um processo de averiguações urgente, com vista ao apuramento dos factos que determinaram a situação em causa e eventuais responsabilidades, aguardando-se as respetivas conclusões”.