Foi sem surpresa que se soube que Jerónimo de Sousa continua à frente do Partido Comunista Português (PCP), reeleito, este sábado à noite, pelo novo Comité Central do partido durante o XXI Congresso, no Pavilhão da Amizade, em Loures. No entanto – ao contrário do que se passou durante as quatro eleições anteriores – houve um voto contra.
Isto além de Jerónimo de Sousa não ter votado em si próprio, como acontece desde que foi eleito secretário-geral do partido, em 2004, na altura com quatro abstenções.
Desde essas quatro abstenções, há 16 anos, o líder foi sempre eleito por unanimidade. Nunca recebeu um voto contra.
Outra novidade é a entrada do eurodeputado e candidato do PCP à Presidência da República, João Ferreira, na Comissão Política do Comité Central. Eleito, também na noite de sábado, para os próximos quatro anos, João Ferreira é apontado como o possível sucessor de Jerónimo de Sousa.
Ao todo são agora 24 os membros do órgão de decisão política do PCP, mais três que no mandato anterior. Passam também a integrar este Comité Belmiro Magalhães, Carina Castro, Paulo Raimundo e Ricardo Costa.
“Não estamos aqui a prazo datado, nem em período experimental”
O Congresso terminou este domingo à hora de almoço com um discurso de Jerónimo de Sousa, onde este fez questão de deixar claro que quer assumir até ao fim este mandato, depois das duvidas lançadas sobre a sua permanência no cargo. “Não estamos aqui a prazo datado, nem em período experimental”, disse.
O líder voltou ainda à carga contra o PS – tema transversal a grande parte dos discursos feitos ao longo dos três dias de Congresso – puxando para si as vitórias conquistadas no Orçamento do Estado para 2021. “Se há avanços, todos têm a marca, a contribuição, do PCP”.
“Este é um partido necessário e indispensável para construir um futuro de progresso e desenvolvimento”, continuou, aproveitando para justificar, mais uma vez, a realização deste Congresso num dos concelhos com maior taxa de incidência de casos de covid-19: “os direitos defendem-se exercendo-os”.
Foi mais longe: “se há algum ensinamento a extrair do congresso do PCP, é que não existe nenhuma dificuldade intransponível para garantir a insegurança sanitária e o exercício dos direitos e liberdades”, terminou Jerónimo de Sousa, em respostas às muitas críticas sobre a realização do evento.