No ano em que a ONU celebra 75 anos, a Assembleia Geral reúne com a pandemia de covid-19 como pano de fundo – que impediu a presença de todos os participantes, levando-a para o formato de videoconferências – e a servir de pretexto para vários líderes mundiais apelarem para uma nova era de cooperação e multilateralismo.
O secretário-geral das Nações Unidas apelou segunda-feira no discurso das comemorações dos 75 anos da ONU ao reforço da cooperação entre os Estados sem que isso suplante a soberania dos governos.
“Ninguém quer um Governo global, mas temos de trabalhar juntos para melhorar a governança mundial”, afirmou Guterres aos líderes internacionais, sublinhando que a soberania nacional é um “pilar” da ONU, pelo que o caminho a seguir é o de uma “cooperação internacional reforçada”.
Contudo, depois de as sanções contra o Irão decretadas pelas Nações Unidas por causa do incumprimento do acordo nuclear terem expirado, no domingo, os Estados Unidos pediram, na segunda-feira, à França e à Alemanha para acolherem uma nova vaga de punições, apesar da ONU ter dito que essa medida não pode ser tomada por Washington.
O Presidente chinês, Xi Jinping, aproveitou para enviar uma mensagem aos EUA, dizendo que o “unilateralismo é um beco sem saída” e disse que “nenhum país tem o direito de dominar os negócios globais”.
Xi Jinping voltará a falar hoje, num discurso mais abrangente, mas onde se esperam novas críticas à política de Washington, que terá como seu porta-voz o Presidente Donald Trump, que decidiu não intervir na segunda-feira e cuja presença, mesmo virtual, é sempre aguardada com expectativa e incerteza.
Outra intervenção que será ouvida com atenção é a do Presidente russo, Vladimir Putin, que raras vezes fala perante as Nações Unidas, mas que este ano decidiu intervir, num momento de tensão entre os EUA e a Rússia, sobre questões económicas e militares.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, não poderá aproveitar a tradicional presença de dezenas dos mais relevantes líderes mundiais nesta Assembleia Geral da organização que reúne 193 membros, para reuniões bilaterais, por causa da pandemia, o que ele já lamentou, lembrando que “a diplomacia, para ser eficaz, precisa de contacto pessoal”.
RJP // ANP