O chefe de Estado da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, reconduziu como primeiro-ministro, “encarregado da Coordenação Administrativa”, Francisco-Pascoal Obama Asue, que na semana passada se demitiu, em bloco com o anterior governo do país.
O decreto presidencial, divulgado hoje na página oficial das autoridades equato-guineenses, tem a data desta segunda-feira, dia 17.
Francisco Obama Asue lidera o Governo da Guiné Equatorial desde junho de 2016, tendo então sucedido a Vicente Ehate Tomi, mas o próximo será o terceiro executivo que irá coordenar. O executivo que se demitiu em bloco na semana passada estava em funções desde fevereiro de 2018.
Quando o anterior Governo liderado por Obama Asue apresentou a sua demissão em bloco na semana passada, o seu então porta-voz, o ministro da Comunicação, Eugenio Nze Obiang, explicou que durante uma reunião com o Presidente Obiang, Obama Asue e os 25 ministros do seu executivo colocaram os cargos à disposição para que o chefe de Estado e presidente do Conselho de Ministros “tenha liberdade para dirigir melhor a próxima fase” do desenvolvimento no país.
Obiang lamentou que o governo demissionário não tenha cumprido os objetivos programáticos, o que “provocou uma situação de crise que exige medidas urgentes”, segundo indicou também então o então porta-voz.
O principal partido da oposição na Guiné Equatorial, a Convergência Para a Democracia Social (CPDS), defendeu esta segunda-feira a criação de um governo de emergência, “composto por representantes de todos os partidos políticos, tanto internos como exilados, capaz de empreender as reformas políticas e legislativas, assim como a gestão económica e administrativa, necessárias para a construção de um Estado de Direito na Guiné Equatorial”, de acordo com uma nota de imprensa divulgada pelo partido.
Para além de um governo composto por vários partidos, a CPDS defendeu ainda o “início, com caráter de urgência, de um processo de diálogo político entre o regime e todas as forças políticas e sociais do país, sem qualquer discriminação e com mediação internacional, que conduza a uma verdadeira transição política para a democracia sem traumas”.
Desde a sua independência de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial tem sido considerada pelos grupos de direitos humanos como um dos países mais repressivos do mundo, devido a alegações de detenção e tortura de dissidentes e de fraude eleitoral.
Obiang, que tem liderado o país desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macias num golpe de Estado, é o Presidente em funções há mais tempo em todo o mundo.
A Guiné Equatorial integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.
APL (MBA) // JH