O juiz considerou que os mandados emitidos por um juiz da 1.ª Vara Eleitoral de São Paulo numa operação policial realizada hoje poderia “conduzir à apreensão de documentos relacionados com o desempenho da atividade parlamentar do senador da República, que não guardam identidade com o objeto da investigação”.
A polícia brasileira investiga a campanha eleitoral do senador José Serra à câmara alta do Congresso brasileiro em 2014, alegadamente financiada com dinheiro ilícito não declarado à Justiça eleitoral.
Em comunicado, o Ministério Público de São Paulo informou que uma operação realizada hoje, chamada Paralelo 23, cumpre quatro mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Brasília, Itatiba e Itu.
O juiz da 1.ª Zona Eleitoral, que autorizou a ação da polícia, também determinou o bloqueio judicial de contas bancárias dos investigados.
Entre os presos está o empresário José Serpieri Júnior, sócio e fundador da Qualicorp, uma empresa que comercializa e administra planos de saúde privados.
Neste caso, os investigadores suspeitam que os pagamentos ilícitos foram efetuados a mando de José Serpieri Júnior, acionista controlador de importante grupo empresarial do ramo da comercialização de planos de saúde.
O Ministério Público de São Paulo apontou que Serra terá recebido “doações eleitorais não contabilizadas, repassadas por meio de operações financeiras e societárias simuladas, visando assim a ocultar a origem ilícita dos valores recebidos, cujo montante correspondeu à quantia de 5 milhões de reais [830 mil euros]”.
“Com o decorrer das investigações, apurou-se ainda a existência de outros pagamentos, em quantias também elevadas e efetuados por grandes empresas, uma delas do setor de nutrição e outra do ramo da construção civil, todos destinados a uma das empresas supostamente utilizadas pelo então candidato para a ocultação do recebimento das doações”, acrescentou.
Num comunicado divulgado na imprensa brasileira, José Serra afirmou lamentar “a espetacularização que tem permeado ações deste tipo no país” e reforça que “jamais” recebeu “vantagens indevidas ao longo dos seus 40 anos de vida pública”.
José Serra foi ministro das Relações Exteriores, da Saúde e do Planeamento do Brasil, sob diferentes Presidentes, e foi candidato presidencial da direita em 2002 e 2010, tendo chegado, nessas duas ocasiões, à segunda volta.
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