Para Pedro Nuno Santos, 43 anos, Portugal não está habituado a ministros livres, que dizem aquilo que pensam. É convictamente contra acordos à direita e só vê para o PS uma saída: um posicionamento claro à esquerda.
A intervenção na TAP foi devidamente explicada aos portugueses? Porque é que a empresa não pode cair e por que razão é considerada um motor da economia nacional?
Admito que não é fácil explicar. Sobretudo, tendo em conta as inúmeras dificuldades por que passam os portugueses. Para não falar nas necessidades, em matéria de serviços públicos. Temos essa consciência. Mas o Governo chegou rapidamente à conclusão de que os prejuízos para a economia nacional, se a TAP caísse, superavam em muito este esforço.
Quanto seriam esses danos? Tem um valor em mente?
Não é fácil. Mas sabemos que a TAP exportou, em 2019, 2,6 mil milhões de euros. Num país com um problema crónico de balança de pagamentos, é fundamental que não percamos empresas tão fortemente exportadoras. E há outro número, que se repete anualmente, e que corresponde às compras que a TAP faz a mais de mil empresas nacionais: 1 300 milhões de euros. E 100 mil postos de trabalho indiretos. É um estudo da McKinsey, não é invenção do Governo.
Ora, o setor do turismo é fundamental e a TAP é o maior contribuinte nesta área, em termos de passageiros transportados. E a ilusão de que, se a TAP caísse, era substituída por qualquer outra companhia também seria perigosa. A aviação não funciona assim. A TAP faz com que Lisboa seja um hub, um centro. O que torna um conjunto de rotas viáveis, mas que nunca o seriam se a companhia aérea que as faz não estivesse centralizada em Lisboa. Se perdermos a TAP, perdemos este hub de Lisboa. E o mais perto seria o de Madrid… E nós perderíamos muito com isso. Não é fácil de explicar, mas a decisão política implica riscos.
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