O cântico dos adeptos do Liverpool tem, no Marquês de Pombal, em Lisboa, uma réplica portuguesa trazida pela delegação bracarense do Chega: “André Ventura, nunca caminharás sozinho” – you’ll never walk alone. À chegada, o líder é barrado pela bateria de repórteres e as televisões captam a moldura de um friso de três jovens negros que, discretamente, sem uma palavra, mostram cartazes artesanais – sem erros de português… – em que denunciam o “despótico André Ventura”, “um segundo Trump”.
Petit, Leandro e Alex dizem-me que vêm da Amadora. Calha bem, eu também sou Alex, nome do meio. Um jovem militante do Chega, com uma velha camisola da Seleção e o n.o 13 do Eusébio, posa com eles para uma foto: “Somos todos humanos, não é verdade?”. Petit, Leandro e Alex assentem. Afinal, “Portugal não é racista”.
O animador de serviço preocupa-se com o cumprimento das regras da DGS, na manifestação. Desfilarão quatro a quatro, com filas de distanciamento social. “Não vamos cometer erros, vamos demonstrar que somos cidadãos comuns, responsáveis, que querem mudar Portugal”. Com efeito, entre os cerca de mil manifestantes, não se vislumbram símbolos nazis ou fascistas – e se há um ou outro cabeça rapada, isso é mais estilo do que ideologia. Sobretudo, os organizadores querem auto-controlo, enquanto o povo do Chega só grita POR-TU-GAL!, dir-se-ia que a selecção vai jogar.
O presidente macaense das secções de Macau e Hong Kong do PSD, Vitório Cardoso, é bem capaz de ter arranjado um problema a Rui Rio, apresentando-se com uma bandeirinha do PSD. Talvez se justifique. Afinal, Ventura diz que a direita não sai à rua, fora do contexto de campanha eleitoral, há mais de 40 anos. E promete que isso muda hoje.
Num cantinho, magra e frágil, a atriz Maria Vieira observa e participa. Estará encontrada a futura ministra da Cultura de André Ventura?…
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