O ex-líder da JSD e deputado do PSD Pedro Rodrigues apresentou esta terça-feira a demissão do cargo de coordenador do partido na comissão Trabalho e Segurança Social na Assembleia da República. Numa carta enviada aos restantes 78 deputados sociais-democratas (Rui Rio incluído), à qual a VISÃO teve acesso, o parlamentar diz que não pode ficar “indiferente à circunstância” de não ser ouvido em decisões referentes às suas áreas de responsabilidade e interpreta essa situação como “falta de confiança” do presidente do PSD nele próprio.
Na missiva, Pedro Rodrigues, que tem estado em guerra com a direção de Rio desde que defendeu que o partido deveria propor o referendo à legalização da morte medicamente assistida – como fora aprovado no último Congresso -, alega que não pode ignorar que “decisões extraordinariamente importantes e estratégicas” das áreas do trabalho e da Segurança Social lhe passem ao lado e critica que, nos últimos tempos, tenha vindo a tomar “sistematicamente” conhecimento das iniciativas e posições da bancada “pela comunicação social ou no momento em que as mesmas se materializam”.
O deputado – que já se queixou de “ataques pessoais inaceitáveis” e que, por isso, revelou em fevereiro ter um problema de alcoolismo – frisa ainda no documento que desde “o primeiro momento” esteve “à disposição” da direção do grupo parlamentar e do próprio Rio “para executar as linhas de orientação transmitidas” para as áreas de intervenção da comissão em que era até aqui coordenador e sublinha que os desafios da crise económica e social motivada pela pandemia Covid-19 exigirá ainda mais àquele grupo de deputados.
Por isso, prossegue, “tem sido com perplexidade e preocupação” que tem “constatado” que o presidente do PSD “não tem sentido necessidade de coordenar nesta fase crítica com a equipa de coordenação da 10ª Comissão, quer o sentido de voto em matérias fundamentais sob a responsabilidade da 10ª Comissão, quer o conteúdo e a oportunidade de iniciativas parlamentares nesse mesmo âmbito ou mesmo de debates parlamentares de especial relevância nas áreas da segurança social e do trabalho”.
“Nesse sentido, não me resta outra alternativa que não seja apresentar a minha demissão, com efeitos imediatos”, escreve o advogado e antigo presidente da “jota”, que foi apoiante de Rio nas diretas de 2018, contra Pedro Santana Lopes, mas tem vindo paulatinamente a afastar-se da atual direção.
Pedro Rodrigues nota, a rematar, que decidiu tomar esta “difícil decisão” para permitir ao líder que “se sinta liberto para poder escolher para estas funções alguém com quem possa desenvolver a coordenação” que, conclui, considera “indispensável ao bom funcionamento” do grupo parlamentar e à “afirmação do PSD como alternativa” ao PS.