A tensão entre António Costa e Mário Centeno escalou, Marcelo Rebelo de Sousa entrou em cena para tomar partido do primeiro-ministro e Miguel Morgado não tem dúvidas de que estão em curso “jogos políticos indecorosos”. Se esta quarta-feira, 13, o Presidente da República ajudou a puxar o tapete ao ministro das Finanças no folhetim sobre a injeção de 850 milhões de euros no Novo Banco e, por outro lado, foi empurrado pelo líder do Executivo para um segundo mandato em Belém, o ex-assessor político de Pedro Passos Coelho reduz tudo a uma “encenação”.
“A encenação a que assistimos, em direto para o País, numa fábrica de produção de automóveis, foi uma troca de apoios políticos irrevogáveis, mesmo que o preço seja comprometer um conjunto de feitos que ambos [Presidente e primeiro-ministro] reclamavam para eles próprios nestes últimos cincos anos”, frisa, em declarações à VISÃO, o antigo vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, crítico assumido de Rui Rio.
Para Miguel Morgado, que equacionou ser candidato à presidência do PSD nas últimas diretas, o que aconteceu ao final desta manhã, na fábrica da Autoeuropa, em Palmela, “revela um grande nervosismo de ambos [Marcelo e Costa], relativamente à situação que o País enfrenta”. “Por isso, a minha recomendação é que ambos se concentrem na missão, que será muito espinhosa, de amortecer a crise social que o País já está a enfrentar e preparem a recuperação, que é absolutamente crucial que seja rápida, e não lenta, em vez de participarem em jogos políticos indecorosos”, afirma.
Embora o secretário-geral do PS tenha aberto caminho, de forma mais clara, à recanditadura do atual Chefe do Estado, dissuadindo eventuais avanços de outras personalidades do centro-esquerda – como Ana Gomes -, mas condicionando também movimentações no centro-direita, Miguel Morgado considera ser necessária uma resposta. “Esta jogada alimenta a expectativa, de todas as pessoas que não se reveem neste Bloco Central nem em André Ventura, de uma terceira candidatura presidencial à direita”, alerta, sem arriscar apontar nomes.
E será que o seu partido, do qual o atual Presidente foi fundador e líder, tem opção? O ex-deputado e professor universário tem dúvidas. “O PSD está num beco sem saída porque não tem alternativas senão apoiar Marcelo. Não sei se a liderança do PSD terá muita margem de manobra para lá de fazer aquilo que o PSD está espera que ela faça”, conclui.