André Ventura tinha o número encenado. No púlpito, o deputado único do Chega levantou um conjunto de folhas e explicou: “O decreto que despenalizou a eutanásia, aqui está ele para que a História não se esqueça.” O documento era um decreto de Adolf Hitler, do final dos anos 30.
O deputado começou por classificar de “provocação histórica” que o Parlamento estivesse a debater a eutanásia quando passam 100 anos sobre a morte de Jacinta Marto, canonizada em 2017 pela Igreja Católica.
Depois, Ventura quis ainda mostrar o “grande lastro histórico” da eutanásia e foi por isso que pegou naquilo que considera ser o exemplo alemão, comparando o decreto que lançou as bases do holocausto aos diplomas que esta tarde são discutidos na Assembleia da República e que abrem a porta à descriminalização da morte antecipada.
Na curta intervenção, Ventura lançou ainda um repto a Marcelo Rebelo de Sousa. “Apelo ao Presidente da República para não se esquecer dos portugueses que estão lá fora e que querem uma oportunidade de, pelo menos, votar sobre isto”, disse, numa alusão à realização de um referendo sobre o tema. “Quem não tiver medo não tem nada a perder com o caminho que agora se vai fazer.”