Ricardo Sá Fernandes estica a corda. À VISÃO, o advogado admite que, “se não forem cumpridos todos os princípios e se forem postos em causa direitos fundamentais” de Joacine Katar Moreira, pode abandonar o Livre. Membro do Conselho de Jurisdição, Sá Fernandes é recandidato àquelas funções no Congresso deste fim de semana, em que são eleitos os futuros órgãos dirigentes do partido, e fez uma das defesas mais aguerridas à posição da Joacine no conflito entre a deputada e o Livre.
Numa das intervenções que fez este sábado de manhã, 18, no Centro Cívico Edmundo Pedro, em Alvalade, Lisboa, Ricardo Sá Fernandes deu vários sinais de discordância com o rumo que vinha a ser seguido. Mas uma das intervenções foi mais longe. “Eu sou do partido do Rui Tavares, do Pedro Mendonça, do Rafael [Esteves Martins, assessor parlamentar de Joacine Katar Moreira], do Hans [Eickhoff] e sou do partido da Joacine, e só me sinto bem se for deles todos”, declarou, a partir do púlpito, quando ainda estava tudo por decidir sobre o futuro político da deputada na sua relação com o Livre.
Por uma vantagem de dois votos, os congressistas optaram por remeter aos próximos órgãos dirigentes a decisão sobre o caso Joacine Katar Moreira. Sá Fernandes era defensor de uma espécie de terceira via, que chegou a formalizar numa proposta apresentada ao Congresso: não queria que o assunto ficasse resolvido já este fim de semana, mas também não era adepto de que fosse simplesmente ratificada pela próxima Assembleia a posição assumida pela Assembleia cessante. Num caso ou noutro, o desfecho seria o mesmo: retirada da confiança política à deputada.
A “via Sá Fernandes” defendia que o assunto fosse transferido para uma decisão a tomar pelos próximos órgãos, mas acrescentava-lhe a proposta de que fosse criada uma comissão independente dos vários órgãos dirigentes do partidos, à qual caberia retomar o processo de auscultação das várias partes envolvidas neste conflito. No limite, o desfecho deste processo poderia ser completamente diferente daquele que foi defendido pela atual Assembleia.
Neste contexto, a VISÃO questionou Sá Fernandes sobre se a sua permanência no Livre dependia da não retirada de confiança política à deputada única do Livre. “Não é bem uma vinculação definitiva”, começou por responder o advogado, dizendo tratar-se de uma “posição de princípio” que orienta a sua ação política. Confrontado com a possibilidade de a nova Assembleia, que assume funções já esta semana, poder validar a retirada de confiança política, Sá Fernandes diz apenas: “Espero que não ratifique.”
E se a Assembleia ratificar a adenda à resolução do 42º encontro do órgão máximo do partido entre Congressos, admite sair? “Se não forem cumpridos todos os princípios e se forem postos em causa direitos fundamentais, sim”, assume o membro do Conselho de Jurisdição do Livre.