É mais um ponto de divergência entre Rui Rio e os seus adversários na corrida à liderança do PSD. Enquanto o atual presidente do partido não se mostra interessado em lançar uma comissão parlamentar de inquérito aos desvios de donativos e de dinheiro público destinado a apoiar as vítimas do incêndio de Pedrógão Grande, em 2017, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz consideram que os sociais-democratas têm de bater-se pelo apuramento das responsabilidades políticas em torno dos esquemas denunciados, em julho do ano passado, pela VISÃO.
Esta quinta-feira debate-se uma petição que desafia os deputados a avançarem com uma averiguação na Assembleia da República e tanto Montenegro como Pinto Luz estranham a recusa da bancada “laranja” em ir a jogo com os restantes partidos que são favoráveis ao inquérito. Se a instrução da direção de Rio aos parlamentares é “agora não” – como afirmou o deputado João Marques -, os challengers discordam em absoluto.
“Agora não?!”, indignou-se Montenegro nas redes sociais, ao partilhar o artigo da VISÃO onde foi revelada a posição do PSD, vincando que a comissão de inquérito “deve avançar já”. “É sempre hora para defender aqueles a quem o Estado falhou como nunca. Se nem nos momentos mais graves o PSD levanta a sua voz para defender as pessoas e tentar restituir alguma confiança no Estado e na solidariedade coletiva, então quando o vai fazer?”, questiona o antigo-líder parlamentar, em jeito de crítica a Rio.
Fonte da candidatura de Montenegro acrescenta mesmo que a iniciativa do inquérito deve pertencer ao PSD, sugerindo que o partido não pode limitar-se a correr atrás das propostas de outras forças com assento no hemiciclo.
Por sua vez, Pinto Luz nota, em declarações à VISÃO, que “o nosso país vive com uma constante desconfiança nos diferentes sectores da sociedade” e que “se há algo que os políticos devem ter como prioridade é a total transparência”. Salientando que o decurso dos processos judiciais deve “ter todo o espaço e total liberdade de ação”, o vice-presidente da Câmara de Cascais também advoga que o inquérito parlamentar deve acontecer.
“Parece-me que, havendo a intenção de convocar uma comissão de inquérito parlamentar, não deverá ser o PSD a inviabilizar, mas garantir sempre o pleno respeito pelas instituições judiciais que neste momento estão a fazer o seu trabalho”, observa. E, desde logo, baliza os trabalhos que possam vir a ser desenvolvidos: “O Parlamento tirará ilações e responsabilidades políticas, mas cada coisa a seu tempo, até para se poder ter toda a informação.”