Em política, a abstenção é o ato de se negar ou se eximir de fazer opções ou escolhas. Ao longo dos 44 anos que Portugal leva de Democracia, com três ligeiras exceções (nas eleições de 1980, 2002 e 2005), o número de abstencionistas tem vindo sempre a aumentar.
Nas eleições para a Assembleia Constituinte, realizadas no dia do primeiro aniversário do 25 de Abril, apenas 8,34% dos eleitores recenseados não foram às urnas, valor muito baixo, claramente indicativo da vontade participativa dos cidadãos, “sem voz” durante uma longa ditadura de 48 anos. Essa “vontade” foi, no entanto, esmorecendo: superou os 30% na década de 90, os 40% em 2009 e atingiu os já preocupantes e significativos 44,14% em 2015.
Deve ressalvar-se que, para além do alheamento dos eleitores, as deficiências na limpeza dos cadernos eleitorais possam contribuir de forma significativa para o aumento do valor da abstenção em Portugal. Em 2017, estimava-se que Portugal tinha mais 850 mil eleitores do que população em idade de votar.
De acordo com estudos recentes sobre o fenómeno abstencionista, os números portugueses situam-se, hoje, a um nível semelhante ao de grande parte dos países democráticos recentes, com especial incidência entre os eleitores mais jovens e com os do meio rural, com uma maior apetência pelas eleições “de proximidade”, as das Autarquias Locais. Nas últimas eleições autárquicas, em 2017, a abstenção foi de 45%, abaixo dos 47,4% em 2013.
E se a abstenção nas eleições legislativas é grande, nas europeias é maior ainda. Nas últimas, em Maio, nunca tantos portugueses optaram por não ir votar: 69,3% dos eleitores rejeitou a ida às urnas – apenas um em cada três eleitores votou. Na Europa, a abstenção média ficou apenas à volta dos 49%.
(Veja aqui as estimativas para a abstenção nas Legislativas de 2019 às 19h)