E ao quinto dia após a eleição, Rui Rio já foi capaz de medir a temperatura no interior do partido que acabou de conquistar. O próximo presidente do PSD reconheceu que tem sentido “alguma turbulência” nestes primeiros momentos como líder eleito, sem chegar a especificar a que é que se referia. Um problema que já identificou mas para o qual parece já ter solução: “a gente vai resolver essa turbulência”, afirmou, mais uma vez sem detalhar como pretende fazê-lo.
A confissão foi feita à saída de um encontro com Passos Coelho que durou mais de uma hora e meia. Foi o primeiro encontro entre ambos desde as eleições diretas no PSD. O atual e futuro líderes sociais-democratas saíram satisfeitos com a conversa e pareceram sintonizados no balanço. O ex-primeiro-ministro considerou que a reunião com o ex-autarca portuense tinha sido positiva e prometeu colaborar para que a passagem de testemunho seja feita com “muita naturalidade e responsabilidade.” Rui Rio adjetivou a conversa como tendo sido “muito agradável” e assegurou que foi apenas a “primeira etapa” de uma transição que se pretende “suave.”
O encontro que aconteceu na São Caetano à Lapa parece ter sido tranquilo para ambas as partes, em contraste com a “turbulência” a que se referiu o ex-autarca. Apesar de ter sido uma reunião entre presidentes, Rio não se livrou das perguntas sobre a direção da bancada parlamentar laranja. A incógnita sobre quem irá liderar o partido no hemiciclo nos próximos tempos continua e o futuro presidente do PSD parece não querer desfazê-la. Diz que é preciso ter calma e garante que ainda não pensou em nomes para suceder a Hugo Soares, que apesar de ter apoiado Santana Lopes na corrida interna não pôs o lugar de líder parlamentar à disposição. Parco em palavras sobre o tema, Rio admite apenas que vai pensar sobre o assunto mas que antes de tomar qualquer decisão pretende reunir com Hugo Soares. Até lá, avisa, qualquer informação veiculada sobre este assunto não corresponderá à verdade, já que não há qualquer decisão tomada.
O encontro entre o líder do grupo parlamentar do PSD e Rui Rio deve acontecer nos próximos dias mas ainda não tem data marcada. As dúvidas sobre se o deputado bracarense se mantém no cargo ou não subsistem enquanto se vão perfilando os seus possíveis sucessores. Será esta a turbulência a que se refere o futuro presidente do partido?