Depois de um congresso do PCP, em que a necessidade de renegociar a dívida foi um dos pontos mais ouvidos, Rangel diz que António Costa quis “passar uma mensagem para os parceiros de coligação”, mas “sabe que faz mal”.
Ontem, numa entrevista à RTP, o primeiro-ministro falou na necessidade de a Europa olhar para o problema da dívida e deixou um timing: o pós-eleições na Alemanha, no próximo ano. “Havendo eleições na Alemanha, em Outubro de 2017, até lá a União Europeia não discutirá nada relativamente a dívida. Mais tarde do que cedo, a União Europeia não pode continuar a ignorar um problema que afecta o conjunto da zona euro e que deve ter uma resposta europeia integrada. Seria inútil e contraproducente o Governo português iniciar essa discussão”, argumentou António Costa.
Para Paulo Rangel, o primeiro-ministro está a fazer o mesmo que outros líderes europeus: “Como Cameron e Renzi, está a sacrificar o médio/longo prazo pelo curto prazo, e os resultados não têm dado grandes frutos a nível europeu”. É uma “navegação à vista” de que o eurodeputado não gosta.
Rangel assume que o problema da dívida tem de ser resolvido, mas está consciente de que nada mudará até que Holanda, Itália, Alemanha e França tenham eleições e a frente interna definida: “2018 é o ano chave”. A Europa tem também de “fazer um esforço para resolver o problema bancário”, pede.
Quanto ao PSD, Paulo Rangel – visto como um dos que pode vir a disputar a liderança do partido – deixou um recado para Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Passos Coelho. Quando os dois têm feito questão de se distanciarem publicamente, Rangel percebe a estratégia mas diz que “seria, quer no caso do Presidente da República, quer no caso do PSD, muito mais comedido”.