“O CDS apresentou uma recomendação para o Governo suscitar a votação do Programa de Estabilidade (PE), o que não faz sentido. Os partidos é que devem suscitar a votação”, explicava fonte da direção da bancada parlamentar ao PSD à VISÃO, antes do debate parlamentar desta tarde, sobre o PE e o Plano Nacional de Reformas (PNR).
A posição do PSD e o CDS até é coincidente – ambos são contra os documentos que o Executivo tem de mandar para Bruxelas – mas nos termos em que os centristas colocavam a questão não agradava aos sociais-democratas, que se viam assim obrigados a não os acompanhar, na hora da votação. Isolado no plenário parlamentar, o CDS mudou de estratégia e, já depois do debate, o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, anunciou uma alteração ao seu projeto de resolução – em vez de recomendar ao Governo que leve o PE a votos, será o próprio CDS a forçar essa votação. Só assim conseguiu alcançar o seu objetivo: que os partidos que, no Parlamento, apoiam o Governo, assumam uma posição.
A prova de que a posição do PSD e do CDS é coincidente e de que ambos querem criar instabilidade dentro da “geringonça” veio da boca de Maria Luís Albuquerque, que subiu ao púlpito para falar em nome do PSD. Entre outras coisas, disse. “Todos, nessa maioria, são responsáveis por este Programa de Estabilidade, por este Plano Nacional de Reformas e por todas as consequências que terão para o País.”
Ciente do isolamento do seu partido, Nuno Magalhães saiu do debate dando notícia da alteração do ponto dois do seu projeto de resolução: “onde se diz que iremos votar passará a dizer recusamos o Plano de Estabilidade apresentado pelo Governo e desde já digo que o CDS votará contra este Plano de Estabilidade”. Nestes moldes, o PSD não terá dificuldade em acompanhar o seu antigo parceiro de coligação. “O PSD discorda profundamente deste caminho”, disse à VISÃO António Leitão Amaro, vice-presidente da bancada social-democrata. Assim, prosseguiu, “aprovaremos o projeto de resolução do CDS para rejeitar o Programa de Estabilidade” e aquilo a que chamou, durante o debate, “Plano Nacional sem Reformas”.
Para ceifar qualquer tipo de especulação, o PCP anunciou logo que vai chumbar o projeto do CDS, ou seja, que há de viabilizar o PE. O BE, pelo contrário, ainda não se pronunciou. Sexta feira há votações na Assembleia da República.