“Muitos refugiados têm a ideia fixa de ir para a Alemanha.” Era o caso de Nour Nasser, um arquiteto sírio de 26 (faz 27 amanhã, dia 23) que chegou a Portugal há pouco mais de um mês. Chegou a Portugal ao abrigo do Programa de Recolocação de refugiados, sem saber para onde vinha. De portugal, só conhecia “Cristiano Ronaldo, Figo e o Benfica”. E na Turquia, onde estava, ficou ainda a saber que tinha paisagens bonitas.
No campo da Turquia, preencheu a papelada para entrar na Europa. Pôs oito países, a Alemanha em primeiro lugar, seguida dos países nórdicos e Holanda. Soube depois que a escolha contava pouco. Iria para onde o aceitassem. Havia saído de Damasco há cinco meses, naufragara uma vez, num semi-rígido para 35 pessoas, onde afinal foram 65, entre as quais Nour contou 12 crianças com idades compreendidas entre quatro semanas e um ano e meio. O barco aguentou uma hora até começar a meter água. Naufragaram e foram recuperados, todos com vida, pela Guarda Costeira turca. A grega, a quem Nour telefonou quando percebeu a gravidade da situação, respondeu que lamentava, mas o barco não estava nas águas gregas a que eles tanto aspiravam. Pela experiência, pagou 1200 dólares, que por sorte conseguiu reaver.
Tentou segunda vez. O mar estava agreste – pela segunda tentativa, só teve de pagar 800 dólares. E assim, conseguiu chegar à Grécia.
A 7 de março, chegava a Portugal, ultrapassando o primeiro problema identificado pelo Presidente, no que aos refugiados diz respeito. Outro problema – “burocrático, ou administrativo” é a “dificuldades de encaminhamento. Um problema que está a existir a nível europeu.”
Marcelo falava à chegada ao centro da Cruz Vermelha de Évora, onde almoçaria com 11 refugiados sírios e eritreus, integrados na Cruz Vermelha de Évora, Beja, Vila Viçosa e Ermidas do Sado e mais dois sírios que chegaram a Portugal ao abrigo da Plataforma Global para Estudantes Sírios (presidida por Jorge Sampaio).