Instalações da multinacional farmacêutica Octapharma em Lisboa voltaram a ser alvo de buscas, na passada semana, no âmbito da Operação Marquês. De acordo com informações recolhidas pela VISÃO, a diligência do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) nas instalações da empresa que contratou José Sócrates, em 2013, para seu representante para a América Latina, terá tido por base a suspeita de que documentos essenciais para a investigação terão sido destruídos nos dias que antecederam as primeiras buscas, em Novembro de 2014.
Contactado pela VISÃO, Ricardo Sá Fernandes, advogado de Joaquim Paulo de Lalanda e Castro, patrão da Octapharma e um dos arguidos da Operação Marquês, não negou as buscas mas disse desconhecer as suspeitas de destruição de documentos. Não quis, no entanto, avançar outras razões para a repetição das diligências.
Lalanda e Castro foi constituído arguido na Operação Marquês por suspeitas de falsificação, fraude fiscal, corrupção ativa no comércio internacional e branqueamento de capitais. O que primeiro chamou a atenção dos investigadores foram as viagens que fazia com o ex-primeiro-ministro José Sócrates, desde que o contratara por um salário de 12 mil euros mensais.
Mas as suspeitas não se ficaram por aí. A investigação liderada pelo procurador Rosário Teixeira desconfia que um segundo contrato assinado entre Sócrates e a Dynamicspharma, outra empresa farmacêutica, em 2014, não passou de uma farsa para que o ex-primeiro-ministro conseguisse ficar com mais dinheiro disponível na sua conta bancária para fazer face às despesas. Na verdade, quem pagaria o segundo salário (também de 12 mil euros) seria o grupo Lena, argumenta o Ministério Público, tendo por base a descoberta de um contrato, que diz ser fictício, entre a Intelligent Life Solutions (ILS), de Lalanda e Castro, e a XMI-Management Investment, detida por acionistas do grupo Lena e com uma participação de Carlos Santos Silva, o empresário amigo de José Sócrates.