Quando, em agosto de 2015, o secretário-geral do PS, pensando em Sampaio da Nóvoa, declarava, numa entrevista à VISÃO, que já havia “um candidato presidencial da área socialista”, mal imaginava que eles seriam não um mas… cinco! Para além de Henrique Neto, surgiram ainda Maria de Belém, ex-ministra da Saúde e da Igualdade de António Guterres e ex-presidente do PS, o antigo dirigente da federação do PS de Leiria, Cândido Ferreira e, na ponta final, o saudoso Tino de Rans que procura, assim, os seus segundos 15 minutos de fama.
Cândido Ferreira, Edgar Silva, Henrique Neto, Jorge Sequeira, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Marisa Matias, Paulo Morais, Sampaio da Nóvoa e Tino de Rans, dez candidatos para o exercício da mais alta magistratura do Estado. Nesta guerra de estrelas, há umas que brilham mais do que outras: existe um favorito que parece ter a “Força”, Marcelo, candidato “recomendado” por PSD e CDS e que, segundo todas as sondagens, penetra o suficiente no eleitorado de esquerda para empunhar o sabre mais luminoso, logo à primeira volta, a 24 de janeiro. A disputar o 2º lugar encontram-se, segundo as sondagens, Maria de Belém (militante do PS apoiada por meio partido) e Sampaio da Nóvoa, o independente de esquerda apoiado por outro meio PS, incluindo a aprovação implícita de António Costa. A única esperança da esquerda é colocar um candidato na 2ª volta, aguardando a repetição da história de 1986, quando funcionou a maioria de esquerda, fazendo eleger Mário Soares, por uma unha negra, contra o superfavorito Freitas do Amaral. Numa disputa à parte, PCP e Bloco fazem marcação cerrada um ao outro. Algum deles desistirá a favor de um candidato de esquerda melhor colocado?
Coabitação
O regresso de Jedi
Despachado o Orçamento, escolhido o novo Presidente da República, o ano político será marcado pelo tipo de coabitação a que assistiremos entre Belém e São Bento. O regresso de Marcelo à política ativa pode, caso seja eleito, fazer-se com estrondo. Mas se for Maria de Belém, não deixaremos de assistir, também, a um regresso de uma personagem que ficou nos portugueses com a imagem da “fofinha sorridente”, mas que já deu mostras, nas primeiras impressões da pré-campanha das presidenciais, que está menos disposta a sorrir e mais inclinada a falar grosso. Ora, as suas relações com António costa são tudo menos pacíficas. Nos votos de boas festas a Cavaco Silva, António Costa teve um discurso conciliatório de despedida: o Governo já só pensa de que forma irá lidar com Marcelo… ou Maria (Nóvoa não causa tanta inquietação). Alguns elementos próximos do primeiro-ministro asseguram que entre Maria de Belém e Marcelo, Costa terá melhores relações pessoais e institucionais com o segundo. O professor já afirmou que tudo fará para que esta solução governativa obtenha sucesso. Mas os socialistas levaram muito a sério uma segunda promessa: a de que, em Belém, Marcelo terá um estilo muito mais interventivo do que o de Cavaco Silva. “Deve querer meter o nariz em tudo”, diz-nos um dirigente do PS, que confia no facto de as relações do professor com a atual direção do PSD serem tão más que o putativo Presidente nada fará para promover o regresso de Passos Coelho ao Governo…
Seja como for, no PS admite-se que uma coabitação entre Costa e Marcelo vai precisar de todo o talento negociador do primeiro-ministro para ser levada a bom porto. E prevê-se um período de lua de mel com duração, pelo menos, até à discussão do Orçamento de Estado para 2017, daqui por menos de um ano. Por essa altura, já se saberá se Marcelo está com o Governo ou se se terá transformado numa espécie de Darth Vader para António Costa…
(Leia a antevisão completa do ano político na edição da VISÃO desta semana)