17 de setembro, dia D menos 17. Primeira nota: “Plafonamento” é candidata a palavra do ano, seguida de perto por “mistificação”. Segunda nota: ainda não há subscrição pública para se fazer campanha. Terceira nota: os lesados do BES põem a nu deficiências da regulação bancária, o adiamento da venda do Novo Banco põe a nu a fragilidade da solução encontrada, o debate Costa vs Passos põe a nu a falta de soluções para a Segurança Social e as fotos de Joana Amaral Dias põem tudo a nu.
Sócrates e os apóstolos
A célebre fotografia do jantar em que Sócrates, acompanhado por alguns dos seus mais próximos, assistiu ao debate entre Passos Coelho e António Costa dá-nos um mundo de informações, quase todas falsas. Primeira: o bom aspeto do antigo primeiro-ministro diz-nos que é a última pessoa, entre os convivas, que parece estar presa. Segunda: o anfitrião está numa das pontas da mesa, porque não quis correr riscos. É que, da última vez que houve uma ceia com esta importância, o tipo do meio foi crucificado. Mas a verdade é que Sócrates é a figura central. Terceira: onde está o Wally, aliás, o vinho? Só se veem garrafas de água, o que não condiz com o gosto da maior parte dos comensais, para acompanhar uma refeição. Quarta: estão com cara de quem está a assistir à sua equipa a ganhar. José Lello diria por 8-2, mas outros disseram por 7-3. Em todo o caso, como teriam sido os golos sofridos por António Costa?…
Quero voltar para a ilha!
Numa célebre rábula de um popular programa televisivo de humor, um náufrago, salvo de uma ilha deserta, ao saber dos problemas que persistem na civilização, gritava: “Eu quero voltar para a ilha!” Ora, desde que Sócrates “regressou” a casa, já foi visitado, por Mário Soares, pelo menos duas vezes. À terceira, quererá voltar para a “ilha”?…
Um tostãozinho para os lesados!
Pedro Passos Coelho prometeu que será o primeiro subscritor de um peditório público para ajudar os lesados do BES a levar o caso aos tribunais. A governação por subscrição pública poderia ser uma ótima forma de cumprir as metas do défice. Para a construção de hospitais, para a reparação de pontes e estradas, para pagamento das pensões… Melhor do que isso, Passos Coelho subscreveria um peditório para colocar o Estado em tribunal, depois de decisões que o seu próprio governo aprovou. Desde que o antigo ministro da Agricultura de Guterres, Gomes da Silva, se colocou à cabeça de uma manifestação de agricultores contra si próprio que não se via nada assim…
Meteu-se com elas…
Paulo Portas foi muito atacado por causa das suas declarações sobre as mulheres: “As mulheres sabem que têm de organizar a casa e pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos.” Os homens é que deviam ficar ofendidos, por serem dados como incapazes destas tarefas, mas o politicamente correto vigente determina que Portas terá menorizado o género feminino. Talvez seja injusto. Afinal, o CDS lançou para a ribalta política mulheres como Assunção Cristas, Cecília Meireles ou Teresa Caeiro, para citar só algumas das imprescindíveis de Portas. De qualquer forma, vai ser lindo ouvir o que tem a dizer, sobre isto, Heloísa Apolónia, dos Verdes, com quem debate sexta-feira, na TVI 24… Num combate entre partidos que concorrem em coligação com forças maiores. O lado B da campanha, portanto.
É a liberdade, estúpido!
Em vez de se amedrontar com os ataques à sua ousadia – exibir a sua gravidez, nua, para a revista Cristina -, Joana Amaral Dias reincidiu, lembrando, no suplemento Vidas, do Correio da Manhã, uma palavra que muitos dos seus inquisidores (quase todos à esquerda do espetro político, imagine-se!) parecem ter esquecido: “Liberdade.” Goste-se ou não das polémicas fotografias, ou da decisão de posar para elas, Joana revela coragem, personalidade e uma irreverência de que a esquerda anda esquecida.