Esta troca de acusações registou-se no primeiro frente-a-frente do debate sobre o “Estado da Nação”, na Assembleia da República, com os discursos de Ferro Rodrigues e de Pedro Passos Coelho, ao contrário do que tem sido habitual, a serem com frequência interrompidos por ruidosos protestos das bancadas adversárias.
Ferro Rodrigues fez um breve balanço da ação do executivo, considerando que o Governo está numa lógica de “propaganda irrealista” para encobrir os “sete pecados capitais” resultantes da sua política de “empobrecimento do Estado da Nação”.
Pedro Passos Coelho respondeu logo a seguir com outra “imagem bíblica” sobre as consequências da ação dos governos PS entre 2005 e 2011: “As dez pragas da herança socialista”, a começar pelas “obras faraónicas e pelas parcerias público-privadas (PPP)”.
A “estratégia certa”
Antes, o primeiro-ministro defendeu que está demonstrado que o Governo seguiu a estratégia mais acertada para proteger os portugueses e que agora o que se discute é quanto vai a economia crescer.
“Com tudo o que entretanto se passou, sabemos que a estratégia que seguimos, de rigor, de crescimento e de credibilidade foi a mais acertada”, declarou o chefe do executivo PSD/CDS-PP, no início da sua intervenção na abertura do debate do “Estado da Nação”.
“Foi a mais acertada, não segundo critérios de política partidária, não segundo cartilhas ideológicas que ignoram a realidade e os problemas concretos das pessoas. Foi, sim, a estratégia mais acertada para proteger os portugueses nas suas vidas quotidianas”, acrescentou Passos Coelho.
Segundo o primeiro-ministro, a governação dos últimos quatro anos preparou Portugal “para resistir às contingências que o futuro pudesse trazer” e conduziu a “um horizonte de mais prosperidade, de mais equidade e de mais justiça”.
Passos Coelho admitiu que se possa “discutir se é mais otimista ou menos otimista” esse horizonte, mas reclamou que neste momento “a discussão em Portugal já não é o crescimento do desemprego, o tumulto financeiro, a insegurança das poupanças, o desaparecimento de empresas e setores de atividade”.
“A discussão, bem diferente, agora é: Quanto é que vai a economia crescer? Qual o ritmo de descida do desemprego? Que aceleração terá a inovação na nossa economia? A que velocidade serão removidas todas as medidas que nos foram forçadas pela violência da emergência nacional que atravessámos? Esse é um facto indesmentível da realidade portuguesa”, sustentou.