António Guterres só não será o candidato do PS nas próximas eleições presidenciais se for essa a sua vontade. O início dos debates televisivos entre António Costa e António José Seguro mostrou que, nesse ponto – e quase só nesse -, os dois candidatos a primeiro-ministro admitem estar de acordo.
Seguro surpreendeu ao anunciar que, se vier a ser primeiro-ministro, se demitirá, no caso de “não haver alternativa a um aumento de impostos”. E também por ter surgido, no primeiro debate, mais solto do que Costa, apesar do traquejo do presidente da Câmara de Lisboa como comentador televisivo. Já no passado fim de semana, António Costa ganhou as eleições para as federações distritais, mas por escassa margem. Conseguiu ter dez federações do seu lado e Seguro nove.
No primeiro embate antes das primárias de 28 de setembro, a balança está equilibrada. Mas há pormenores a destacar. Seguro “comandava” a maioria das federações, agora o “comandante” é Costa. O tão falado “aparelho” que Seguro dominava, ficou fora da sua alçada. Estavam em causa 19 órgãos partidários locais.
Em nove federações, havia listas únicas, ou seja, afetas apenas ou a Costa ou a Seguro; nas dez onde se travava, realmente, uma luta entre duas listas, Costa ganhou seis (obteve 56% dos votos) e Seguro quatro (43 por cento). O rescaldo é este: os apoiantes de António Costa venceram em Braga, Aveiro, Castelo Branco, Federação Regional do Oeste, Leiria, Portalegre, Lisboa, Setúbal, Évora e Algarve; e os que apoiam o secretário-geral do PS ganharam em Bragança, Vila Real, Viana do Castelo, Porto, Guarda, Viseu, Coimbra, Santarém e Baixo Alentejo. E, apesar de ter menos uma federação do que Costa, Seguro conseguiu, na totalidade, mais votos: 15 200 (52,2%), contra 14 mil (47,8%) do autarca de Lisboa. Fazendo questão de frisar esse facto, Seguro acusou, mais uma vez, o seu oponente de dividir o partido. “Estes resultados permitem aos apoiantes de António Costa dizerem que obtiveram mais uma federação e aos meus apoiantes dizerem que ganharam por uma diferença de mais de 1 200 votos. Mas, aquilo que, como líder do PS, mais me preocupa é esta divisão profunda que existe no partido. E esta divisão, esta crise, é causada por um motivo: pela ambição pessoal de António Costa.”
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