22h e 20 – Soa a Carvalhesa, a marcha que anima as iniciativas dos comunistas. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, acaba de discursar perante a cerca de centena e meia de militantes comunistas que encheram o salão do Vitória. O do local nome não poida ser mais apropriado. A coligação liderada pelos comunistas recuperou vários bastiões, como Beja e Évora, perdidos e somou-lhes outros, como Silves. E foi disso que Jerónimo falhou, de vitória. Monforte, Vila Viçosa, Grândola, Cuba, Alcácer do Sal e Alandroal entre outros municípios completam o rol das conquistas e reconquistas. Mesmo subtraindo as quatro perdas, como Vendas Novas e Chamusca, Crato, Nisa (as duas últimas ainda por confirmar) o rol de vitórias ainda pode alargar-se, porque há ainda várias câmaras em disputa, como Loures. É que a esta hora ainda nem todos os votos foram contados.
Para Jerónimo, no cômputo geral destas autárquicas, “a direita perdeu”. “Sem dúvida que houve uma clara condenação das políticas de direita e do governo”. Um governo, nas palavras de Jerónimo, isolado e ilegítimo que governa contra a lei e a constituição.
Entretanto no bar ainda rolam as minis e as sandes de carne assada. Ouvem-se as vozes: “CDU, CDU”. Mas já soa a fim de festa. No salão, as equipas de televisão e de rádio enrolam cabos e encaixotam as suas parafernálias. Os jornalistas que já “aviaram” os serviços vestem os casacos e saem. Os quantos ainda teclam nos seus computadores. Daqui a quatro anos há mais.
21h e 15 – O Alentejo fica mais vermelho depois destas autárquicas. Jorge Cordeiro da Comissão política do Comité Central confirma em direto o reforço da votação na CDU e fala num “expressivo progresso eleitoral” da coligação. Está segura a recuperação das câmaras de Grândola, Cuba, Alcácer do Sal e Alandroal. Évora estará também no rol das reconquistas, mas ainda sujeito a confirmação.
20h e 20 – Apesar de mesmo o limite mínimo das projeções para a CDU em Lisboa apontarem para um reforço da coligação entre comunistas e Verdes. O eurodeputado João Ferreira, que encabeçou a lista lisboeta está sereno. Nas declarações que acaba de prestar aos jornalistas, o biólogo de 34 anos, é bastante contido. Está satisfeito, mas não atira foguetes: a esmagadora maioria das freguesias estão por apurar.
19h e 30 – No Vitória, no bar não há mãos a medir. Saem bicas, minis e sandes. Nem há lugares vagos. As mesas estão ocupadas e recém-chegados que queiram grudar os olhos nos três ecrãs de televisão têm de o fazer sentados. A expetativa é grande. Presidindo a 28 câmaras, a CDU tem boas hipóteses de crescer eleitoralmente.
Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP está recolhido com outros dirigentes comunistas e dos Verdes num dos pisos deste antigo hotel da Avenida da Liberdade. No salão contíguo ao bar, onde está montado o circo mediático, com toda a parafernália, os jornalistas preparam mais uma noite de trabalho.