“Nunca falaria desses aspectos em público”, respondeu Manuela Ferreira Leite, depois de uma audiência com o primeiro-ministro, José Sócrates, em São Bento, que durou menos de 30 minutos.
Fonte do executivo disse à agência Lusa que a presidente do PSD não tocou neste tema referente à última cimeira europeia na reunião com José Sócrates.
No final do encontro com o primeiro-ministro, Manuela Ferreira Leite disse no entanto manter as suas críticas a José Sócrates por ter estado ausente da última cimeira, no passado dia 01, que coincidiu com o encerramento do congresso do PS.
“Não sei se Portugal saiu prejudicado. Sei que de certeza não saiu beneficiado. A importância que deve ser dada a estas cimeiras, especialmente quando o país está numa situação de alguma forma individualizada – dada a situação de endividamento em que se encontra -, leva-me a manter essa posição” de crítica ao primeiro-ministro, disse.
Manuela Ferreira Leite – que se encontrava acompanhada pelo dirigente social-democrata José Luís Arnaut e pelo secretário-geral do PSD, Marques Guedes – sublinhou a importância de a União Europeia concertar estratégias na resposta à actual crise, sobretudo em vésperas da reunião do G20.
“Gostaria que nesta cimeira ficasse bem patente a coordenação das políticas entre os países, para que não haja lugar a voluntarismos ou iniciativas individuais. Gostaria que não fôssemos uma voz silenciosa naquilo que se vai passar no Conselho Europeu”, observou.
Para Manuela Ferreira Leite, “sendo Portugal um dos países com uma situação complexa na área do endividamento externo, será seguramente alvo de atenção por parte dos outros países, sobretudo os da zona euro”.
“Não podemos deixar de estar muito presentes em defesa deste tipo de política” a favor da coordenação das medidas de combate à crise, acrescentou.
Nas declarações que fez aos jornalistas, Manuela Ferreira Leite fez também questão de frisar que não é contra os investimentos públicos na sua globalidade.
“Tenho estado contra algum investimento público. Defendo investimento público de proximidade, que não têm componentes importadas, que não têm encargos para orçamentos futuros, que utiliza mão-de-obra nacional e que tem efeitos imediatos no crescimento”, contrapôs a líder social-democrata.
Segundo Ferreira Leite, os investimentos públicos “com grandes componentes de importação, com grandes encargos para o futuro e que não utilizam mão-de-obra nacional e não têm efeitos imediatos na economia são investimentos para o empobrecimento do país”.