Os Estados Unidos da América têm resistido aos insistentes pedidos da Ucrânia para fornecimento dos chamados mísseis ATACMS (a sigla inglesa para Army Tactical Missile Systems, ou Sistema Míssil Tático do Exército), projéteis de longo alcance com capacidade para atingir alvos a 300 quilómetros de distância, mas acabam de dar luz verde a uma solução intermédia, capaz de levar os ataques da artilharia ucraniana até aos 150 quilómetros.
Isso significa que todas as regiões ocupadas pela Rússia desde 24 de fevereiro do ano passado, e ainda o Norte da península da Crimeia, passarão a estar em ponto de mira das Forças Armadas da Ucrânia, ao contrário do que agora acontece, uma vez que a atual capacidade máxima da sua artilharia não vai além dos 77 quilómetros – oferecida pelo sistema GMLRS (Guided Multiple Launch Rocket System).
Até esta sexta-feira, 3, o Pentágono considerou esta distância suficiente para a estratégia de defesa ucraniana, receando que o fornecimento de mísseis com maior alcance pudesse levar a guerra para lá da fronteira com a Rússia e a um escalar do conflito. No entanto, ontem acabou por ceder a um compromisso de meio-termo, por assim dizer, com a viabilização desta nova arma no campo de batalha, a GLSDB (as iniciais de Ground-Launched Small Diameter Bomb, ou Bomba de Pequeno Diâmetro Lançada do Solo).
Com “alta precisão” e “capacidade para atingir alvos de diferentes ângulos”, segundo a fabricante sueca Saab (em parceria com a norte-americana Boeing), estes mísseis serão adquiridos diretamente à empresa pelos EUA, que depois os entregará à Ucrânia. Ou seja, é também uma alternativa que tem a vantagem de não consumir o stock de armamento do exército norte-americano, além de ser considerada mais vantajosa do ponto de vista dos custos.
Volodymyr Zelensky mantém-se firme na intenção de recuperar a Crimeia – apesar do pessimismo norte-americano quanto a esta possibilidade se concretizar num futuro próximo -, e a entrega destes mísseis de longo alcance pode reanimar essa esperança. Certo é que a sua chegada ao cenário de guerra aumentará as hipóteses de a Ucrânia atingir as rotas de abastecimento russo às linhas da frente, tanto no Leste como no Sul, assim como posições mais recuadas do inimigo, a partir das quais sofre ataques ao seu território. Pelo menos em tese, aumentam as hipóteses de expulsar as forças invasoras.
A importância das bombas GLSDB, que podem ser lançadas a partir dos equipamentos que já se encontram no terreno, caso dos HIMARS, estende-se ainda à possibilidade de serem acionadas a partir de locais mais afastados das zonas de combate e, portanto, mais seguros.