Andrei Medvedev, de 26 anos, lutou pelo grupo mercenário Wagner da Rússia contra a Ucrânia. Mas agora que conseguiu fugir pela fronteira do Ártico, escalando cercas de arame farpado e fugindo de uma patrulha com cães, a ouvir os guardas a disparar tiros enquanto corria por uma floresta, veio pedir desculpa pelas suas ações, numa entrevista à Reuters, pedindo ainda que os autores do conflito sejam punidos.
“Muitos consideram que sou um canalha, um criminoso, um assassino”, disse o jovem. “Antes de tudo, repetida e novamente, gostaria de me desculpar e, embora não saiba como isto poderá ser feito, quero dizer que lamento”.
O Grupo Wagner é uma organização mercenária russa, com uma vasta rede de empresas e grupos, que inclui um grande número de condenados recrutados em prisões russas, que lideraram ataques na Ucrânia.
“Quero explicar que não sou essa pessoa. Sim, servi no Wagner. Existem alguns momentos [na minha história] que as pessoas não gostam, achando que eu me juntei a eles em tudo, mas ninguém nasce esperto”, diz.
Na entrevista que deu em Oslo, Andrei Medvedev conta que assistiu a várias mortes e assassinatos. A lutar perto de Bakhmut, liderando um batalhão, o jovem testemunhou duas pessoas que não queriam lutar a serem baleadas em frente aos prisioneiros recém-recrutados. “Foi uma m****. As estradas para Artemovsk estavam cheias de cadáveres dos nossos soldados”, contou, usando o nome russo de Bakhmut. “As perdas foram pesadas… Vi muitos amigos morrerem.”
Andrei Medvedev nasceu na região de Tomsk, na Sibéria. Foi mandado para um orfanato aos 12 anos, após a morte da mãe e o desaparecimento do pai. Tendo sido convocado anteriormente para o exército russo em 2014, aos 18 anos, juntou-se ao Grupo Wagner depois de cumprir a sua última pena de prisão. A 16 de julho atravessou a fronteira com a Ucrânia e foi combater.
“O mais assustador? Perceber que existem pessoas que são considerada patriotas e que alguém pode chegar e matá-lo num instante ou por ordem de alguém”, relata. “O próprio povo. Isto provavelmente foi a coisa mais assustadora.”
Neste momento, com o status de testemunha, o jovem está a ser investigado pelo Kripos, o serviço nacional de polícia criminal da Noruega, responsável pela investigação de crimes de guerra.