Irina Yarovaya, vice-presidente da Duma (parlamento russo), chegou a uma conclusão bizarra: os soldados ucranianos transformaram-se em “cruéis máquinas de matar” depois de terem sido submetidos a “experiências médicas secretas”, supervisionadas pelos EUA.
Numa conferência de imprensa, a deputada, que lidera, juntamente com Konstantin Kosachev, vice-presidente da Federação do Conselho da Rússia, a comissão parlamentar criada para investigar os “laboratórios americanos na Ucrânia”, disse que essa é a explicação para a suposta brutalidade dos militares ucranianos. “A crueldade e as atrocidades com que se comportam os militares da Ucrânia, os crimes que cometem contra a população civil, esses crimes monstruosos que cometem contra os prisioneiros de guerra, são o resultado de um sistema único de controlo e criação das mais cruéis máquinas de matar, concebido pelos Estados Unidos. Essas drogas são administradas com o intuito de neutralizar os últimos vestígios de consciência humana e transformar os soldados nos monstros mais cruéis e mortíferos.”
Yarovaya acrescentou, segundo o jornal russo Kommersant, que é preciso procurar gripe das aves e suína, coronavírus e varíola dos macacos “nos tubos de ensaio dos laboratórios militares dos EUA”, devido “ao interesse particular dos americanos na origem de vírus e patógenos de origem animal, disfarçando-os de patógenos naturais para que as epidemias pareçam ter origens naturais – com esta manobra furtiva criam situações imprevistas em diferentes regiões do mundo.”
Na mesma declaração aos jornalistas, o senador Kosachev reforçou a conclusão da deputada: a análise às amostras de sangue de militares ucranianos capturados confirmam que, “para várias doenças, incluindo doenças atípicas para o território da Ucrânia, o conteúdo das substâncias correspondentes excede em várias vezes as normas permitidas”. Isso significa, continuou o vice-presidente da Federação do Conselho da Rússia (a câmara alta da Assembleia Federal; a Duma é a câmara baixa), “que foram feitas experiências com eles e que foram feitas experiências no território da Ucrânia com doenças extremamente perigosas, que sob certas circunstâncias podem ser utilizadas para fins militares”.
Outras doenças que causaram estranheza aos responsáveis pela comissão parlamentar foram a Hepatite A, supostamente detetada em análises a soldados ucranianos, e vestígios de tuberculose em notas na província de Lugansk, além de doenças tropicais.
Um geneticista ouvido pelo Kommersant, no entanto, garantiu ao jornal que não há nada de peculiar na descoberta deste tipo de doenças na Ucrânia, apelidando de “exageradas” as reações do senador e da deputada.
A comissão parlamentar foi criada em março para investigar as atividades de alegados laboratórios biológicos militares patrocinados pelos Estados Unidos. Na altura, durante a apresentação dos grupos de trabalho, Irina Yarovaya garantiu ser “óbvio que a operação especial destinada a proteger os residentes das [autoproclamadas] Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk revelou atividades perigosas dos Estados Unidos da América no território da Ucrânia”. “Essas atividades são perigosas tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia. Estamos a falar de atividades secretas controladas pelo Departamento de Defesa dos EUA, com sinais do desenvolvimento de armas biológicas.”
O relatório final da comissão deverá ser conhecido no outono.